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Aramis

Projeto Pixinguinha

O evento artístico mais importante deste semestre começa dentro de 12 dias, no Guairão: o Projeto Pixinguinha, idealizado pelo incansável Herminio Bello de Carvalho, poeta, compositor e produtor ao qual a MPB já tanto deve. Depois do êxito que foi a série "Seis e Meia", no passado, Hermínio decidiu, democraticamente, estender a outras capitais as chances de aplaudir as melhores duplas da música popular, em espetáculos com ingressos a apenas Cr$ 10,00 e realizados num horário - 18h45 min - que não interfere na programação normal dos teatros. O projeto abre na semana de 15 a 20 de agosto - segunda à sexta feira - com temporada do compositor Ivan Lins e Nana Caymmi. Ivan, 34 anos, já esteve em Curitiba por duas vezes, fazendo temporada no Paiol e participando de um show, promovido pela Sombrás, no Teatro Guaíra. Agora, entretanto, está numa nova fase de sua carreira, que ele assim divide: "A primeira foi a fase da ingenuidade, do purismo, da alienação. Foi a fase da superprodução. Fase da passagem pela máquina, do sucesso rápido e da fuga. Fase da encucação e da neurose. Foi a fase da (Phillips( e da parceria com Ronaldo Monteiro. Esse período foi de maio de 1970 a novembro de 1973. Um período tumultuado, confuso. Cheio de contradições. E medo. Onde o peso das (conseqüências( de erros e acertos recaíam nas costas de uma única pessoa: eu. Mas que valeu pelo aprendizado. Não há arrependimentos, apenas ressentimentos. A segunda fase é a fase da desalienação, da consciência, do pé-no-chão. É a fase pós-Phillips, do início de uma nova e importante parceria: com Vítor Martins (e ocasionalmente algumas outras novas parcerias com Paulo César Pinheiro, Maurício Tapajós, Luiz Gonzaga Jr., além da já bem menos intensa parceria com Ronaldo Monteiro). Esse período começa em novembro de 1973 e vem até hoje. É uma fase mais de exigências. Uma linguagem nova. Mais regionalista. Mais realística, crítica. Menos contraditória, mais objetiva. É a fase da calma. Tudo degrau por degrau". Já Nana Caymmi praticamente nunca se apresentou em Curitiba. Junto com os irmãos Danilo e Dori e o pai Dorival, em fevereiro de 1975, abriu o Encontro da MPB, no Guaíra, mas foi uma apresentação tumultuada, onde não deu para o público observar toda sua extraordinária sensibilidade vocal. Com três elepes gravados - dois na CID, um na Elenco, uma carreira de fases diferentes, Nana, nascida no Grajaú, ganhou numa noite de choro a mais linda canção de embalo feita pelo pai: "É tão tarde, a manhã já vem todos dormem, e a noite também Só eu velo, por você meu bem Dorme anja, o boi pega nenem". Depois de Ivan e Nana, o Projeto Pixinguinha trará outras duplas: Clementina de Jesus e João Bosco; Ademilde Fonseca e Abel Ferreira; Marisa Gata Mansa e Tito Madi; Macalé e Moreira da Silva. LEGENDA FOTO 1 - Nana LEGENDA FOTO 2 - Ivan Lins
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
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04/08/1977

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