Pixinguinha quer voltar ao Paraná
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de maio de 1989
Ausente há três anos do Paraná, o Projeto Pixinguinha - o mais importante evento já realizado no Brasil para a promoção da música popular junto a imensas faixas populares - poderá ser reativado no último trimestre do ano. Para tanto, o coordenador geral, Paulo César, reuniu-se na tarde de terça-feira, 16, com o superintendente da Fundação Teatro Guaíra, advogado Constantino Viaro, e o coordenador da área de MPB da Secretaria da Cultura, compositor Cláudio Ribeiro. Os dados foram colocados na mesa: por mais econômico que seja uma reedição do Pixinguinha, há que haver uma sólida contrapartida do Estado. A primeira opção é o coelho mágico que todos pensam existir nas cartolas dos empresários: a Lei Sarney.
Não se tem ainda os custos que a produção atingirá, a participação que caberá ao Estado e nem os elencos estão sequer programados - pois entre maio/setembro - quando o projeto deslancharia - muita água vai rolar por baixo da ponte. O que há, de princípio, é o interesse da FUNARTE , sob a qual está a responsabilidade do Projeto, que Curitiba volte a fazer parte do roteiro. Apesar de, em 1985, por descalabro da infeliz administração cultural do governo José Richa, o Pixinguinha ter fracassado, com cenas lamentáveis. Numa das ocasiões, a Secretaria da Cultura chegou a confundir o público, num anúncio com a rebolativa Gretchen, quando ali se apresentava a divina Elizete Cardoso e a Camerata Carioca. Resultado: um público que esperava ouvir os gargarejos desafinados da porno-cantora, "decepcionou-se" com o recital da melhor MPB de Elizete e - atitude imperdoável para todos os tempos - chegou a vaiá-la. Depois disto, realmente, Curitiba mereceria nunca mais ser colocada num roteiro oficial da FUNARTE.
Mas, como é bom cristão, Paulo César decidiu perdoar tamanha heresia cultural, e, desde que haja o mínimo interesse por parte dos atuais donos da cultural local, o Projeto incluirá novamente a nossa cidade.
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Outra razão, esta de ordem afetiva, que faz com que a FUNARTE veja com simpatia a inclusão de Curitiba no roteiro. Em 1977, quando Hermínio Bello de Carvalho, idealizou o projeto, "ampliando a pioneira idéia de Albino Pinheiro, que criou o projeto Seis e Meia, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, o ministro da Educação e Cultura era Ney Braga, reconhecidamente um homem que aprecia a cultura (especialmente a música e o teatro), e graças a quem nasceu a Fundação Nacional das Artes.
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