Ponty, uma sonoridade que se renova sempre
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 04 de janeiro de 1986
Ultrapassando as barreiras de um instrumento tradicionalmente identificado com a música erudita e chegando ao rock da maior voltagem o francês Jean-Luc Ponty (Arranches, Normandia, 29/9/1942) tornou-se um nome respeitado tanto junto aos jazzistas como nas faixas jovens adeptas da música elétrica. Isto fez com que sua temporada no Brasil, (incluindo Curitiba) no ano passado, tivesse casas lotadas - apesar dos mais rigorosos fazerem restrições ao repertório apresentado.
Aproveitando a temporada de Ponty no Brasil, a WEA - que já editou 12 dos discos de Ponty (a partir de "Upon de Wings of Music"), colocou no mercado seu mais recente registro - "Fables". Gravado em Los Angeles, todas as sete faixas instrumentais foram compostas, arranjadas e produzidas por Ponty, que toca violinos elétricos, sintetizadores e percussão. Em cinco faixas, Ponty recorreu a três instrumentistas: Scott Henderson (guitarra), Baron Browne (baixo) e Rayford Griffin (bateria). Nas outras 2 faixas Ponty toca todos os instrumentos.
A formação de Ponty foi erudita, tendo estudado até os 17 anos uma média de seis horas por dia e graduando-se pelo Conservatório Superior de Música em Paris. Por três anos foi integrante da Orquestra Sinfônica de Concertos Lamoreux, mas aos 21 anos se voltou para o jazz influenciado especialmente por Stephanie Grapelli (Paris, 26/1/1908) e Stuff Smith (Hezekiah Leroy Gordon Smith, 1909-1985). Mudando-se em 1973 para os Estados Unidos, Ponty não ficaria apenas no jazz tradicional. Assim, versátil e impressionando com seu instrumento eletrificado, trabalhou com alguns dos mais demolidores grupos pop - como Frank Zappa and Mother of Invention e, em 1974, com John Mclaughlene e a sua Mahavishnu Orchestra. Vencedor por várias vezes do "Jazz Poll" dda "Down Beat", participando de festivais de jazz e com uma dúzia de lps pela Atlantic, se mostrou sempre um criador em constante renovação, não aceitando o tradicional - mas também sempre com propostas musicais de grande beleza, como mostra neste "Fables", como faixas das mais significativas. "Infinite Porsuit", "Elephants In Love", "Cate Tales" e "In The Kingdom Of Peace", especialmente.
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