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Aramis

Airto, como sempre, o melhor da América

A notícia já foi publicada por nós, nestes anos todos em que aqui estamos, várias vezes, mas sempre repetimos mudando apenas a data. Sempre com uma imensa satisfação: o catarina-curitibano Airto Guimorvan Moreira, mais uma vez, na cabeça do "Jazz Poll" da "Down Beat", a mais famosa revista de jazz do mundo. Tanto no julgamento da crítica como dos leitores (que, por se constituírem numa elite de bom gosto, sabem no que votam), o catarinense de Itaiópolis, infância passada em Guarapuava e juventude em Curitiba - desde 1967 morando nos Estados Unidos, continua a ser o melhor na percussão. Já liderou as listagens de "Down Beat" (e outras publicações importantes, inclusive quando a "Playboy" americana dava grande espaço ao jazz), por mais de 15 vezes e sua esposa, a carioca Flora Purim, também manteve-se no pódium das "female singers" por alguns anos - ali superando monstros sagrados como Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan. Só o afastamento involuntário do meio musical por um período a retirou desta posição - na qual poderá voltar este ano. Airto, então, só caiu do primeiro para posições inferiores (mas assim mesmo das mais significativas) nos anos em que deixou de fazer novas gravações - mas se mantendo na estrada com centenas de shows que faz em teatros, auditórios de universidades, casas de jazz do primeiro time nos cinco cantos do mundo. xxx Neste mais recente referendum (dezembro/90), Airto, que em 5 de agosto se tornará cinqüentão, teve 448 votos, ou seja, 157 a mais do que o segundo classificado - o latino Tito Puente. O pernambucano Naná Vasconcelos ficou em terceiro com 269 pontos. Os outros classificados são Mino Cinelu, Trilok Gurtu (que já trabalhou várias vezes com Airto, inclusive em sua "Missa Espiritual", gravada em Colonia, RFA, no Natal de 1983) e Famoudou Dom Moye. Como se vê, uma liderança absoluta para um artista que não pára. Como exemplo, um dos vídeo-discos lançados pela Polydor japonesa que tem maior sucesso é o "Rhytmstick", luxuosíssima produção de Creed Taylor, com imagens belíssimas e reunindo um elenco all star em que estão Dizzy Gillespie, Art Farmen, Phil Woods, Bernard Purdie, Marvin "Smitty" Smith, John Scotfield, o violonista brasileiro Romero Lubambo (que fez no ano passado um elepê com Rildo Hora, na harmônica de boca), Tito Puente, baixista Charlie Haden, organista Jimmy McGriff e, entre os vocais, Flora e sua filha, Diana - uma belíssima morena, 16 anos, nascida na Califórnia - e que regularmente vem passar suas férias com a vovó Zelinda, na casa que Airto deu para sua mãe no bairro do Boqueirão. Neste "Rhytmstick" - lançado em CD e vídeo-disco, com luxuosíssima apresentação mas inédito (como a maioria dos álbuns que Airto faz) no Brasil, estão "Quilombo" (Gilberto Gil / Wally Salomão) - com um solo magnífico de Flora; "Waiting for Angela", do mineiro Toninho Horta; "Colo de Rei" (Flávio Mol / Marcelo Ferreira) e "Nana" (Moacir Santos, que mora há quase 30 anos nos EUA). Os raros exemplares do vídeo-disco "Rhytmstick" que chegaram ao Rio-São Paulo foram disputadíssimos e algumas cópias piratas, em transcrição para vídeo, chegaram a circular em Curitiba.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
07/03/1991

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