Pornôs remontando o sexo já filmado
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de março de 1990
Organismo responsável pela legislação e fiscalização do cinema e vídeo no Brasil, o conselho do Cinema Nacional - CONCINE, expediu 75 certificados de produtos brasileiros em 1989.
Neste total estão incluídos 39 filmes pornográficos (não considerados no comentário acima), 8 filmes antigos (reapresentados como novos), um latino-americano com certificado brasileiro para cumprimento da lei de reserva do mercado ("Sur-Amor e Liberdade", Argentina, 1987, de Fernando Solanas) e três recensurados ("O Ébrio", "A Virgem de Colina" e "Severina Xique Xique").
Os oito filmes antigos, reapresentados como novos, são produções de segunda e terceira categoria, com mínimas possibilidades de rendimento nas bilheterias: "Tráfico de Armas em Galápago", "O Exterminador Fatal", "O Balanço da Morte", "Só Restam as Estrelas", "O Mistério da Caixa Fatídica", "Folguedos Carnavalescos", "Rio, Carnaval e Futebol" e "A Morte pede Passagem".
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Em relação aos 39 filmes pornográficos apresentados no Concine para obtenção de certificados de produto nacional acontece um fato curioso: a grande maioria são produções antigas (incluindo algumas dos anos 70) remontadas e reapresentadas por inescrupulosos comerciantes da chamada "Boca do Lixo" (rua do Triunfo e imediações). Acontecem até fatos curiosos: há alguns anos, um picareta de imagens da Boca do Lixo adquiriu do comerciante curitibano O. Ponzio - que tentou fazer dois longa-metragens ("Caminhos Contrários" e "Deu a Louca em Vila Velha") o material que ele, por inexperiência, havia rodado e que não pôde aproveitar em seus filmes (tão medíocres que praticamente nem tiveram lançamento mesmo no Paraná) para "aproveitá-los" em pornoprodução. Conforme, na época, comentamos aqui, num destas montagens apareciam ingênuos artistas curitibanos, que haviam sido seduzidos pelo projeto de Ponzio, que, entrando de gaiato, acabaram figurando em pornofitas da pesada, com cenas de sexo explícito.
A apelação nos títulos das pornofitas saídas da Boca do Lixo é tão grande que alguns jornais (como o "Jornal da Indústria e Comércio", de Curitiba) recusam-se a publicar os títulos dos programas (geralmente duplos) que os chamados cinemas daquilo que apelidamos de circuito do orgasmo (Scala - Rui Barbosa - Morgenau/Glória I/Glória II) apresentam semanalmente. Eis a relação das 38 pornoproduções, praticamente todas com cenas de sexo explícito, que foram registradas pelo Concine em 1989 e que tem sido exibidos nos cinemas mais populares (no Interior, nas poucas cidades em que ainda existem cinemas, estes filmes são dos poucos que atraem as camadas mais humildes da população).
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"Acredite se Quiser", "Longos Momentos de Prazer", "Mulheres Alucinantes", "Desejos da Carne Erótica", "O Entra e Sai do Prazer", "Aventuras do Kacete", "Os Sete Desejos de Jaqueline", "Meu Pipi no seu Popó", "Com o Ferro em Brasa", "Bacanal de Adolescentes", "Garotas do Sexo Livre", "Mariana, a desejada", "Primavera do Sexo Explícito", "Kamoa", "A Gata da Noite", "Sem Malícia", "Sexo sem Limite", "Atração Satânica" (este filme foi um dos que concorreram no I Festival de Cinema de Curitiba, promovido pelo colunista Alcy Ramalho Filho, com patrocínio da Texaco/Lufthansa/Fundação Cultural, em setembro/89, no cine Ritz); "Ninfas Pornô", "Gatinhas Safadas", "Elas Fazem de Tudo", "As Novas Aventuras do Kacete", "Confissões de uma Xoxota", "Cresce na Boca", "Ônibus da Suruba", "Vespânia, a prefeita Erótica" (em exibição, nesta semana, no cine Scala), "Os Sonhos que a gente não Conta", "Coça que Cresce", "Eu, Márcia F., 23 anos, Louca e Desvairada", "A Ninfeta Safada", "A Vida de uma Atriz Pornô", "Paola, a insaciável", "A Dama de Paus", "Grandes Trepadas", "Loucas de Amor", "Puxa que Estica", "Bate Xoxota, a mulher Morcego", "Me leva pra Cama" e "Nero, a loucura do Sexo".
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