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Aramis

Quando os sonhos ajudam a vida

Os cinco filmes que disputarão na noite de 26 de março o Oscar principal, na 62ª solenidade promovida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, são significativos por fazerem diferentes aspectos da vontade humana. O que podem fazer paraplégicos desde que com idealismo e entusiasmo, constitue a temática de "Nascido em 4 de Julho" (2 indicações, próximo lançamento no cine Condor) - sobre um veterano do Vietnã que retorna aleijado do campo de batalha e se torna um líder no movimento contra guerra. Já em "My Left Foot", (ainda sem título em português), é sobre um artista que, paralítico, consegue fazer grandes obras usando o pé esquerdo. "Sociedade dos Poetas Mortos" (Dead Poets Society), de Peter Wein (em exibição no Bristol, 5 sessões) é sobre a importância de se despertar o pensamento, a criatividade e a consciência individual da juventude. "Conduzindo Miss Daisy" (Driving Miss Daisy, lançamento em um grande circuito logo após o dia 26) é um canto a vida, através do renascimento espiritual de uma velha senhora (Jessica Tandy, 78 anos, uma das favoritas ao Oscar de melhor atriz). Finalmente, "Campo dos Sonhos" (cine Plaza, em exibição) é o filme-magia. Um filme que, na melhor tradição do grande Frank Capra - o cineasta do New Deal - traz aqueles valores tão caros a civilização americana - e que explica o sucesso de bilheteria que alcançou nos Estados Unidos desde sua estréia. Há todo um clima de magia e encantamento nesta fábula moderna, que os Kardecistas poderão ver como um filme espírita e que os mais incrédulos podem apreciar, sensibilidade para tanto tiverem, como uma fantasia otimista. Uma história simples, absurda em termos lógicos, mas que apesar de ter seu enfoque em torno do mais norte-americano dos esportes (o baseball) torna-se universal. Tudo começa quando Ray Kinsella (Kevin Costner), no meio de sua plantação de milho, numa fazenda modelar em Iowa, escuta uma voz, seguida por uma breve visão de um campo de baseball. É um sinal para construir um campo de baseball em sua plantação, a pedido de Shoeless Joe Jackson, um astro do Chicago "Black Six" que, em 1919, foi acusado de corrupção num jogo. Apesar de Ray, Annie (Amy Madigan) o apoia em seu projeto de derrubar o milharal e construir o campo, mesmo colocando com isto em risco o patrimônio da família. A fantasia torna-se realidade e o apelo do além não fica apenas na vinda de Shoeless Joe: há também a mensagem de "Doc" Graham, um antigo jogador do New York Giant, que interrompeu sua carreira para se tornar um famoso médico (Burt Lancaster, em notável aparição). Ao lado de um escritor negro, teórico da contracultura dos anos 60, Terence Mann (James Earl Jones, excelente), Ray cai na estrada em busca de um encontro fantástico. Fundindo elementos da contracultura dos anos 60 (Ray e Annie foram ativistas, tiveram experiências com drogas e participaram de muitos protestos) com elementos do cinema on the road, mas tudo dentro de um clima de fantasia, otimismo e esperança - que nem o velho Capra faria melhor - "O Campo dos Sonhos" é admirável. Com três indicações ao Oscar - filme, roteiro e trilha sonora (James Horner), revela um novo talento de direção, Phil Alden Robinson (anteriormente realizou "In The Mood", inédito no Brasil). Nesta temporada de bons programas cinematográficos, "Dream of the Field" é daquelas lições de otimismo, amor e esperança. LEGENDA FOTO - "O Campo dos Sonhos": um filme-magia.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
1
17/03/1990

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