René conta porque criou o Conselho
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de setembro de 1989
Datada de 26 de setembro, o secretário René Dotti, da Cultura, nos encaminhou a seguinte carta, esclarecendo questões relacionadas a publicação "Nicolau":
"Prezado amigo Aramis:
Conforme você já noticiou, a partir do mês de setembro, inclusive, o "Nicolau" passa a ser publicado sob a orientação de um Conselho Editorial integrado por profissionais de comprovada qualificação técnica e notável sensibilidade cultural.
Para que o amigo tenha uma idéia dos critérios que estão sendo postos em prática, encaminho cópia da memória da reunião de 15 de setembro onde, em ambiente de fraterna e estimulante convivência, foi decidida a pauta para o número de setembro.
Dias mais tarde à aludida reunião, o editor Wilson Bueno trouxe-me a notícia de que dois membros da equipe do "Nicolau" não apenas rejeitaram a pauta como a trataram com ironia.
Tal fato, somado a hostilidades periféricas, tornaram impossível a convivência do editor do jornal com a editora assistente e o programador visual, componentes da mesma equipe. Diga-se de passagem que por equipe responsável pela pauta do "Nicolau", entendia-se tão somente o número de três pessoas, posto que os demais, com exceção de Rita de Cássia Solieri Brandt, não são funcionários da secretária e prestavam sua colaboração sob o regime de prestação de serviços.
Como você constata pela leitura da carta de demissão em conjunto, foi o inconformismo com a criação do Conselho Editorial o único motivo gerador do incidente. A transferência do artista plástico Luiz Antônio Guinski para o Museu de Arte Contemporânea visou apenas evitar constrangimentos recíprocos entre tal servidor, o editor e o próprio conselho.
Ao lhe encaminhar esta carta, instruída com a correspondência em anexo, tenho por objetivo tornar pública a série de tentativas feitas pessoalmente, a fim de compatibilizar o progresso editorial do jornal com as riquezas temáticas do nosso Estado e do país, sem os confinamentos e os preconceitos ditados por um grupo peculiar, a começar de seu número: duas pessoas.
Como se fosse possível torná-los carcereiros da sensibilidade, da imaginação e da inteligência de aproximadamente trezentos mil pessoas, no mínimo, se considerarmos que cada exemplar do "Nicolau" visita uma casa de quatro pessoas.
Renovando as expressões de estima e consideração, agradeço a leitura e a divulgação que puder dar a esta carta". (Assinado, René A. Dotti).
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