Sarita, o tempo e os seus filmes
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de junho de 1986
Difícil acreditar: aos 57 anos, a mesma beleza que, há 40 anos passados levou o produtor Vicente Casanova a insistir para que ela partipasse de um concurso destinado a revelar novas atrizes e ganhar o papel central de "Te quiero para mim", de Ladislao Vajda - que faria com o pesudônimo de Maria Alejandra - logo substituído pelo nome artístico definitivo de Sarita Montiel, batizada pelo diretor Henrique Herreros.
Até então ela era Maria Antonia Abad Fernandes, nascida em Campo de Criptana, Ciudade Real, ex-interna de rigoroso convento - Jesus Maria de Orihuela - e não pensava em se tornar artista.
Depois de "Te Quiero para mim", sucederam-se outros filmes: "Empexo en Boda" (44, de Rafaello Matarazzo); "Bambu" (45, de Jose Luiz Saenz de Herendia), num total de 12 longas-metragens até que dirigida por Emilio "El Indio" Fernandez em "Reportage", em 1953, seu tipo moreno, sensual, chamou a atenção de Robert Aldrich (1918-1983) que a definiu para a personagem Nina, amada e disputada por Gary Cooper e Burt Lancaster em "Vera Cruz", um western clássico dos anos 50.
As portas de Hollywood pareciam abrir-se para Sarita: Anthony Mann (1906-1967) não só lhe deu o papel central de "Serenata" (Serenade, 56), ao lado de Mario Lanza (1921-1959), como com ela se casaria. No mesmo ano, Samuel Fuller a destacaria num político western - "Renegando o meu sangue" (Run of the arrow), mas sua carreira em Hollywood praticamente se encerrou. Em compensação, de volta à Espanha, faria dois sucessos imensos: "El ultimo cuple" (57, de J. de Orduna) e, especialmente, "La Violetera" (68, de Luis Cesar Amador).
Embora ativa cinematograficamente ao menos até o final da década de 60, com filmes comerciais, Sarita direcionaria, nos últimos 15 anos a sua carreira para a música - catapultuada por sucessos a partir de "La Violetera" (Montesinos/Padilla), até hoje o carro forte de seu repertório.
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Mais uma vez, Sarita está no Brasil, fazendo um roteiro de teatros - ela que nestes últimos anos tem, regularmente, incluído o nosso País em suas excursões (hoje, 21h30min; domingo, 15, 20h30min, auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, ingressos entre Cz$ 100,00 e Cz$ 80,00).
O repertório de "La Montiel" agrada uma grande faixa de público. Cantora romântica, com boleros, tangos e outros gêneros, cerca de 50 lps (através dos selos Hispavox/Emi/CBS) - embora atualmente sem nenhum novo lançamento no Brasil - tem a popularidade que sua atuação no cinema lhe garantiu - embora, de sua filmografia, também poucos títulos tenham chegado ao Brasil.
Mas ela será sempre a identificação de "A Violetera", lembrando aquela personagem com que nossas mães e avós tanto se emocionavam há quase 30 anos passados...
LEGENDA FOTO 1 - Sarita, ao menos nas fotos, a mesma beleza dos anos 50.
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