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Aramis

Só empresas paranaenses entre as duzentas maiores

Antecipando a aguardada edição do "Quem é Quem na Economia Brasileira", número especial da "Visão" que com data de capa de agosto circula nos próximos dias, o último número daquela revista (n9 36, 5/9/83, Cr$ 800,00) traz o quadro das 200 maiores empresas do Brasil. Pelos critérios que a equipe de analistas do grupo "Visão" adota para o levantamento da economia brasileira, desde 1972 - quando saiu o primeiro "Quem é Quem" (referente ao ano de 1971), se constituí no mais respeitado estudo analítico sobre a realidade de nosso País. Entre as 200 maiores empresas do Brasil há apenas cinco do Paraná - três estaduais (Copel, Telepar, Sanepar) e duas privadas - Hermes Macedo e Portland Rio Branco (esta, importante frisar, pertencente a um grupo nacional). Xxx A equipe do "Quem é Quem", coordenada pelo professor José Augusto Giesbrecht da Silva, com apoio de computadores, levantou, analisou e selecionou informações de mais de 100 mil empresas de todo o País. Trabalho que consumiu um ano inteiro de consultas aos balanços das empresas publicados nos diários oflciais e nos principais jornais de todos os Estados da Federação. Dai chegou-se ás 8.336 empresas privadas e públicas que contrário da edição 1983 do "Quem é quem na economia brasileira" por ordem decrescente do patrimônio liquido (capital social realizado mais as reservas e os lucros) a partir de 200 milhões de cruzeiros no exercício de 1982. É esse conjunto de informações que permite avançar o desempenho financeiro de uma empresa, como o valor do faturamento anual, do lucro, seu índice de liquidez, rentabilidade, endividamento e número de empregados. E que dá um retrato da economia verdadeiro, não aquele distorcido por índices oficiais manipulados. Por outro lado, em termos de mercado, tais dados dão ao empresário condições de cotejar-se com seu concorrente, mapear a situação do setor em que atua; medir o fôlego financeiro de um cliente ou fornecedor e proceder uma avaliação do conjunto dos setores empresariais. Inclusive, para facilitar esse posicionamento, "Visão" criou um banco de dado que permite obter informações ainda mais detalhadas do que na edição impressa, e sem ter que esperar por ela: é o novo serviço "Quem é Quem via telex". Basta ao interessado, do telex de sua empresa, digitar 36541 + e está ligado o serviço; o próprio telex instrui o usuário sobre o que fazer para obter as informações que deseja. xxx e A Companhia Paranaense de Energia Elétrica se mantém desde 1971 entre as 200 maiores empresas do Brasil. Agora ela está em 32o lugar, com seu patrimônio líquido de Cr$ 136.736.200.000,00 - fatura mento (82) de Cr$ 47.671.600.000, e empregando 8.500 pessoas. No quadro das maiores empresas, as quatro primeiras classificadas são a Eletrobrás, a Rede Ferroviária Federal, a Petrobrás e a Telebrás. A Telepar, com patrimônio liquido de Cr$ 96.470.400.000,00, faturamento de Cr$ 27.354.600.000,00 e empregando 4.609 pessoas, classificou-se em 47o A Companhia de Cimento Portland Rio Branco ficou em l4o com patrimônio liquido de Cr$ 33.130.000.000,00, faturamento de Cr$ 16.477.800.000,00 e 1.553 empregados. Hermes Macedo SIA - que há anos vem se destacando entre as maiores, liderando o seu setor e também no quadro das mais lucrativas - é a única empresa privada totalmente paranaense a constar entre as 200 maiores. Seu patrimônio líquido conforme balanço de novembro/82 era de CrS 28.474.000.000,00 - Ihe dando assim o 165o lugar. Faturou em 1982, Cr$ 55.349.000.000,00 e emprega 9.706 pessoas. Finalmente a Sanepar está cm l79~ lugar com seu, patrimônio de Cr$ 27.107.100.000,00 e empregando 3.550 pessoas. Xxx O levantamento do "Quem é Quem" permite inúmeras interpretações e estudos. Um dos aspectos mais interessantes (e alarmantes): o número de empregados das 200 maiores, que já havia caído ligeiramente em 1981, para 1,33 milhão, recuou ainda mas em 1982, para 1,25 milhão (menos 5,7%). Ou seja: as 200 maiores empregam, atualmente, menos pessoas que cm 1978. Dessa forma, com a redução dos gastos na folha de pagamento e o aumento na rentabilidade das vendas, o faturamento médio anual por empregado melhorou, como já acontecera no ano anterior, saltando de 12,2 milhões de cruzeiros cm 1981 para 12,5 milhões em 1982. A participação no emprego das estatais no total da força de trabalho - e também das multinacionais - aumentou, enquanto a das privadas nacionais se reduziu. A participação das estatais aumentou de 49,9% cm 1981 para 51,4% cm 1982; a das multinacionais cresceu de 19,8% para 20,3%; e a das privadas nacionais recuou de 30,3% para 28,3%. Quanto ás 20 primeiras por vendas, observa-se que as empresas distribuidoras de petróleo mantiveram suas boas colocações entre os primeiros lugares. As grandes montadoras de automóveis (Volkswagen, Ford e General Motors) subiram ainda mais na lista, levando á conclusão de que binômio petróleo-automóvel é o mais significativo na lista das 20 maiores por vendas. A Mercedes-Benz, que é a maior empresa estrangeira por patrimônio (a primeira das nacionais é a Votorantim), perdeu seu lugar na relação das 20 maiores por vendas, caindo da 13a posição cm 1981 para a 22o em 1982. Nessa relação, oito são estatais, sete são estrangeiras e apenas cinco são privadas nacionais. Na lista das 20 primeiras por lucro, doze são estatais (Eletrobrás, Telebrás, Petrobrás, CHESF. Telesp, Eletronorte, Petroquisa, Furnas, Vale do Rio Doce, CESP e Telerj). quatro multinacionais (Souza Cruz. Contab, Cigarros Souza Cruz e Pirelli) e quatro privadas nacionais (Camargo Correa, Andrade Guttierrcz, Copene e Votorantim). Xxx Vista pelo prisma do controle acionário, a relação das 200 maiores denuncia de maneira gritante, o gigantismo e o expansionismo do Estado-empresário. Para cada trilhão de cruzeiros obtidos cm vendas pelas 200 maiores, 497 bilhões (contra 493 no ano anterior) ou seja, quase a metade, correspondem á parcela das estatais. Já o lucro liquido das 79 estatais, entre as 200 maiores, caiu em relação ao ano anterior, contrastando com o aumento de suas vendas. Para cada bilhão de cruzeiros de lucro obtido pelo conjunto das maiores, as empresas estatais ficaram com 489 milhões (contra 666 milhões no ano anterior), enquanto que as privadas nacionais restaram 318 milhões e para as estrangeiras, 193 milhões. Em relação ao patrimônio líquido, a comparação é também altamente favorável ás empresas estatais, cuja participação no conjunto das 200 maiores eleva-se a 75,4%. As privadas nacionais detém a parcela de 16,2% e as estrangeiras, os restantes 8,4%. Quanto ao número de empregados, idêntica situação. Para cada cem empregados nas 200 maiores, 51 estão em folha de pagamento das estatais (contra cincoenta em 1981 e 48 em 1980), enquanto as privadas nacionais empregam 28 e as estrangeiras, vinte. xxx Em resumo: o avanço das estatais sobre a economia é incontestável, o que impõe a conclusão de que privatizar algumas empresas apenas, como vem fazendo o governo, não resolve. Mesmo em número menor, as estatais têm conseguido ampliar sua presença na economia, reduzindo, em contrapartida, à do setor privado. Isso porque sua expansão é induzida por outra forma insidiosa - de estatização: a intervenção direta do governo na economia, mediante regulamentos, decretos, taxações, subsídios, etc. Dessa forma, as estatais têm conseguido assegurar o primeiro lugar na lista das 200 maiores desde 1972 (exercício/71), quando começoou a ser elaborada. A Petrobrás, RFFS e Eletrobrás alternam-se na liderança, cabendo este ano a esta última o ponto mais alto.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
14
11/09/1983

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