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Aramis

Balsa Nova, enjeitada de hoje, herdeira do amanhã

Se alguém perguntar aos curitibanos aonde se localiza Balsa Nova, poucos acertarão. Por certo, há pessoas que nunca ouviram falar neste municipio. Balsa Nova dista, entretanto, apenas 45 km da praça Tiradentes (marca zero da região metropolitana), ocupa urna área de 360 quilômetros quadrados e fica a uma altura média de 685 metros. É a município que se situa parcialmente no primeiro planalto e parcialmente no segundo. Um de seus distritos – São Luíz do Purunã - está incrustrado no sopé da escarpa devoniana que divide os dois planaltos. Se hoje este municipio desnembrado de Campo Largo e instalado há 22 anos - 4 de novembro 1961 - está praticamente esquecido, poderá se tornar um grande polo dentro da região metropolitana - inclusive "adiando o futuro aeroporto internacional (e que oferece condições topográficas, climáticas e de acesso para tanto). Uma previsão otimista para o modesto município de 5.282 habitantes e feita pela geógrafa Elin Tallarek de Queiroz, que se debruçou sobre esta esquecida comunidade para elaborar a monografia apresentada no curso de Geografia da Universidade Federal do Paraná. Sob orientação da professora Joensen Terezinha Disperati,, estudou a aspecto, dos transportes em Balsa Nova - analisando os acessos ferroviários e rodoviários, no passada e no presente, chegando as conclusões sobre o futuro deste município hoje esquecido - mas de grandes possibilidades dentro de um desenvolvimento industrial na região metropolitana. Xxx Em relação a Balsa Nova - que em sua modestia de micro-municipio, com uma reduzida população, perdeu, há 4 anos, até a sua estação ferroviária e os trens deixaram inclusive de ali parar? A geógrafa Ellin Tallareckde Queiroz, após estudar a região, concluiu que pelo fato de situar-se a oeste de Curitiba, num quadrilátero formado ao norte pela BR-277, ao sul pela Ferrovia da Soja, á Oeste pelo Tronco Sul e a este pelo distritos industriais de Araucária e Campo Larga, posiciona Balsa Nava no centro da macro-eixo industrial já em implantação entre Curitiba-Ponta Orassa. A consolidação deste macro-eixo industrial com a radicação de novas industrias e a já falada construção de um aeroporto internacional metropolitano em sua área, serão razões suficientes para fazer ressuscitar a tráfego ferraviário entre Curitiba e Balsa Nova, em composições modernas (do tipo pré-metrô). Xxx Se a futuro pode ser otimista, as ligações ferroviárias que atinge a realidade presente é de poucas alternativas para sua popalação minguante. Por falta de opção viária, em termos de vias asfaltadas com os vizinhos, e de transporte, em termos de uma ligação direta de ônibus com Curitiba, é muita forte a dependência de Balsa Nova em relação a Campo Largo. De fato, Balsa Nova até hoje ainda não está integrada à Região Metropolitana de Curitiba (embora conste, é claro, oficialmente da Comec). É, isto sim, um município voltado aos seus interesses internos. Com exceção de Campo Largo –da qual era distrito até 1961 – praticamente não há intercâmbio com outros municípios. Os ventos da abertura econômica lá ainda não chegaram. Não fosse a PR – 510, Balsa Nova seria uma cidade praticamente isolada e fechada. O transporte de ônibus conquanto único e insuficiente, é meio de que se vale a população do município para buscar em Campo largo e Curitiba a satisfação de necessidades básicas e supletivas não encontradas na pequena cidade. Uma única empresa de ônibus faz a ligação com Campo Largo, em cinco horários diários de segunda a sexta-feira – caindo para 3 nos fins de semana. xxx Apesar desta realidade desanimadora - que dá a Balsa Nova um toque de cidade-fantasma, com sua população apática e distante - a geógrafa Elin Tallarek de Queiroz, procurou ver o futura de forma otimista e assim encerra sua monografia: "O silêncio romântico de Balsa Nova, contudo, está crescentemente interrompido pelos langos comboios ferroviários que atravessam a cidade, várias vezes ao dia, e pelos caminhões de carga, vinda e indo para a única grande fábrica da local. O ar campal da cidade, certamente será mais urna lembrança de todos quando Balsa Nova deixar de depender exclusivamente de Campo Largo, através da construção do Anel Externa, de urna ligação direta a Curitiba, via Araucária, e da ligação direta ao Sul do País, via Lapa, e ainda da reativação do tráfego ferroviário de passageiros, permitindo revelar todo o seu potencial econômico e estratégico, o que o tornará, sem dúvida, um dos mais destacados municípios da Região metropolitana de Curitiba". Xxx As ligações ferroviárias que atingem o município são demoradamente estudadas na monografia da geógrafa - bem com as ligações rodoviárias. Se o antigo roteiro Itapeva-Itararé-Ponta Grossa-Engenheiro Bley (construída no final do século passado) fazia-a um ponto importante, a modernização do trecho Paranaguá-Engenheiro Bley trouxe mudanças para pior - como a desativação da estação ferroviária, para carga e passageiros. A partir de 1979, a cidade passou a ser mero ponto de passagem da linha férrea (até então os trens eram mistos e faziam o percurso até Curitiba cm urna hora e quarenta minutos, numa velocidade de 36km/h). A opção ferroviária é para o transporte de carga, com a produção da fábrica Refinações de Milho Brasil SIA e a implantação do ramal ferroviário Balsa Nova-Itambé, para o escoamento da produção da fábrica de cimento Itambé. xxx Em termas rodoviários, é curiosa a situação: apesar da município ser cortada, cm toda sua extensão meridional, pela BR-277, no trecho que está senda duplicada (a partir de Campo Larga, com previsão de inauguração neste trimestre), a único acesso da sede do município através de rodovia asfaltada só aconteceu a partir de 1979, com a ligação secundária Balsa Nova - Itaqui. A BR-277 pouco atende as interesses da população da município, porque só serve diretamente o distrito de São Luiz do Purunã. A sede municipal fica a 17 km do entroncamento com a rodovia principal. Não há ligação direta, por asfalto, entre Balsa Nova e os municípios vizinhos (Lapa, Araucária, Contenda). xxx Em síntese, a situação de Balsa Nova é cama de certas pessoas: miséria e esquecimento no momento e a perspectiva (melo distante) de dias melhores. Como se tivesse a espera da marte de um rico parente, para herdar a suficiente e merecer uma velhice tranquila.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Tablóide
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11/09/1983
Nasci em Balsa Nova, meu falecido pai (Napoleão Brunatto( era proprietário de uma panificadora que ficava em frente a estação ferroviária e minha mãe (Ivete Gemin) era professora. Hoje meu tio (Antonio Brunatto) tem uma panificadora nessa cidade. Nos mudamos há muitos anos para Lapa, mas sempre que posso dou uma passada por aí para recordar minha infância, o tempo em que tinha tempo para andar sobre os trilhos sob o olhar e ouvidos atentos dos meus pais, cuidando para quando apontasse a Maria Fumaça lá adiante. Li o texto acima e decidi enviar esta mensagem para dizer que mesmo não sendo uma grande Cidade, mesmo que o povo precise buscar certos recursos em Campo Largo ou Curitiba, a Cidade de Balsa Nova é enorme...pois o orvalho da manhã, o sol, o vento, a chuva, as nuvens, as estrelas e a lua, a terra, a areia e o solo fértil, fornecem todas as forças necessárias para que o povo caminhe sempre vencendo as dificuldades.... Sei que muitos podem nem sequer ter ouvido falar de Balsa Nova, mas sei também de gente que jamais a esquecerá...

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