Sonia & o samba
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de janeiro de 1975
Brasileiramente consciente de que a hora e vez é das vocalistas que se integrem à nossa melhor música popular, a simpática Sonia Lemos, 26 anos, retorna ao disco e shows, após ter interrompido por seis anos uma promissora carreira, que em 1968 lhe era aberta com a gravação de um bom lp na Philips. Agora, com novo compacto duplo (Continental, janeiro/75) e fazendo um animado show em Curitiba (restaurante Mouraria, 23 horas, até 1 de fevereiro) Soninha demonstra estar num saudavel caminho artístico; interpretando sambas de bom nível.
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Carioca, Sonia (Maria Mello) Lemos, em 1967, fazia na Philips um compacto simples, com as músicas "Eu Ainda Chego Lá" de Geraldo Vandré e "Vem Por Ai Um Dia Lindo", de Regininha, mostrava talento e que teve tanta aceitação que levou a mesma gravadora a investir num long-play ("Sonia Lemos e sua viola enluarada", R765043L) em que a jovem cantora apresentava ao lado das bonitas canções dos irmãos Marcos Paulo Sergio Valle (Viola Enluarada, Maria da Favela, Pelas Ruas do Recife) dois clássicos da MPB - "Manias" (Flavio e Celso Cavalcanti) e "Ao Voltar do Samba" (Sinval Silva) além de outras músicas de bom nível ("Cidade Pequenina", de Roberto Menescal) /Caetano Veloso; "Onde Andou Você?" de Rildo Hora/ Gracindo Júnior, etc). Apesar deste início auspicioso, Sonia Lemos acabou se afastando dos meios artísticos, justificando esta longa ausência, com a desculpa de "necessidade de estudar e me preparar melhor para o repentino sucesso". Mas, o coração tem razões que a própria razão desconhece...
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No ano passado, voltou a gravar na Continental, com um belíssimo samba de Reginaldo Bessa (autor de "O Tempo", a mais bela música da terceira eliminatória de "Abertura"); "Azul Portela". Junto com "Sete Domingos" (Agepê-Canário), "Timidez" (Noca Mauro Duarte) e a já conhecida "Meu Pai Oxalá" ( Toquinho - Vinicius De Moraes), este disco começa a aparecer - abrindo para Sonia chances de entrar no campo das grandes Sambistas de nossa MPB, de cuja nova geração os dois nomes mais fulgurantes são a excelente Beth Carvalho e Clara Nunes. Se tiver sorte de encontrar bons produtores, saber valorizar e escolher bonitos sambas, Sonia Lemos pode ser o grande acontecimento da MPB em 1975.
Mas também pode acontecer o contrário...
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