"Tosca" ganhou justos aplausos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de outubro de 1989
Uma das raras críticas especializadas em ópera no Brasil, a Sra. Maria Teresa Del Moro, colaboradora da "Última Hora", Rio de Janeiro, assistiu as duas récitas de "Tosca", na quarta e quinta-feira da semana passada e, não escondeu algumas opiniões, antecipando aquilo que estará em seu artigo prometido para a edição de hoje do jornal carioca. Entre outras coisas, disse a várias pessoas que nos últimos 30 anos, no Brasil, esta foi a melhor montagem que assistiu da ópera de Puccini.
Para ela - como também para inúmeros aficionados (e conhecedores) de ópera, o elenco B - que fez apenas duas récitas (quinta e sábado), estava melhor do que o elenco A - mas este também merecedor de elogios, especialmente para a veterana Neyde Thomas.
Os grandes aplausos foram para a londrinense Deborah Oliveira, 33 anos, a "Tosca" do elenco B. Jovem, vigorosa, bonita, praticamente com apenas cinco anos de estudo de canto lírico - e dando seus primeiros passos profissionais, Deborah teve nesta produção da Fundação Teatro Guaíra a sua grande oportunidade.
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Ostentando sempre um imenso botom que a identifica como eleitora feroz de Roberto Freire, externando opiniões definitivas (por exemplo, para surpresa do experte Joel Mendes, reduziu a pó os tenores Plácido Domingo e , especialmente, Pavarotti, Maria Teresa Del Moro não se limita apenas a escrever sobre ópera. Ela também participa de uma entidade latino-americana que promoverá em março de 1990, no Teatro Colon, em Buenos Aires, a montagem de "Aída", de Giuseppe Verdi, tendo cantores brasileiros nos principais papéis. Uma delas será Deborah Oliveira, já contratada pela produção do espetáculo, embora ainda não saiba quanto irá ganhar, e nem tenha assinado contrato.
- "Esta produção - explica Del Moro - será uma espécie de resgate do talento lírico dos brasileiros no Colon. Fiz uma pesquisa e concluí que embora dezenas de argentinos tivessem vindo cantar em óperas montadas no Rio e São Paulo, nos 80 anos do Colon, apenas cinco de nossos cantores líricos ali se apresentaram.
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Marcelo Marchioro, 37 anos, também ganhou elogios entusiásticos da crítica da "Última Hora".
- Gostei muito da concepção que este jovem regisseur soube dar ao espetáculo. Fez uma belíssima encenação.
Diretor sempre criativo, antenado com o que há de mais up to date internacionalmente, Marcelo respeitou cronológica e geograficamente e a ação da ópera de Puccini, que se passa num único dia (17 de junho de 1800), em três cenários bem conhecidos de Roma (igreja de Sant'Andrea Della Valle; Palácio Farnesse e pátio do colégio Santo Angelo). Entretanto, Marcelo não resistiu a colocar um toque pessoal no espetáculo: um personagem que não está na ópera original, nada canta e perambula pelos três atos. É o ator Tony Silveira, que como o Fatum (Destino) entra para que, como diz Marchioro, "as pessoas se questionem um pouco e se perguntem quem é aquele que está sempre presente nos momentos mais importantes dos Destinos dos Personagens?"
- Para nós, ele tem um (ou vários) sentido(s) muito especial(is), recolhidos da Mitologia Romana e conhecido como Fatum. Para cada espectador, que ele tenha o seu sentido particular.
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