Uma crônica triste para a tradicional sociedade
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de fevereiro de 1987
Ivonete Ceccon discorda de que a Sociedade Garibaldi encontre-se no vermelho e que a fusão seja a única solução para a sociedade não virar uma ruína, "semelhante a do Alto São Francisco, nossa vizinha" - como diz o presidente Mario Cochieri. "Dificuldade por dificuldade, a Garibaldi sempre as enfrentou e não será a fusão com o Santa Mônica que representa uma solução" diz, entusiasmada.
Ivonete, entretanto, não é totalmente contra a fusão, "mas social, não de patrimônio". Seu pai, Orlando, quando presidente chegou a manter contatos com a Dante Alighieri para uma fusão. Foi Ceccom também quem comprou, com ajuda de alguns diretores e associados, um amplo terreno em Campina Grande do Sul, próximo a Quatro Barras, que seria destinado a uma sede campestre. Aliás, este terreno acabou sendo "pivot" de um escândalo que pode ainda incomodar muita gente. Conforme consta da "Explicação Necessária", quando Luis Messagi (funcionário há anos do Consulado Geral da Itália) assumiu a presidência ele acabou decidindo pela venda do terreno e da compra de um outro bem menor, próximo a Almirante Tamandaré, pouco além de Santa Felicidade (km 10 da estrada do Cerne). "O plano era de, com o dinheiro que sobrasse dessa compra, e que seria colocado em "Open", dar-se início à sede campestre, porém, o que não se contava, era que, desse plano, adviesse um novo golpe contra a Sociedade, pois um tesoureiro desonesto "botou a mão no jarro" e limpou-o, levando todo o dinheiro.
O caso foi entregue a Justiça, onde se acha ainda em "tramitação". Esta informação é dada oficialmente na publicação da própria Sociedade. Ivonete Ceccom - como outros associados - estranham que o caso - na época envolvendo vinte milhões antigos - até hoje não tenha sido devidamente esclarecido com a punição dos responsáveis pelo roubo.
Quando Alceu Hauari, presidia a Sociedade tentou-se outra fusão: com o Clube Primavera, com o qual até se chegou a celebrar um convênio de frequência para facilitar a aproximação. Entretanto esta não aconteceu, embora na reforma dos estatutos, há 9 anos, tenha sido incluído (letra c do artigo 51) um dispositivo prevendo para o futuro uma possível fusão.
Outro trambique que a Sociedade levou: há menos de dois anos, "ainda buscando solução, a Diretoria aceitou uma proposta de arrendamento do bar para um restaurante de gabarito - segundo a proposta - o qual, no entanto, nada mais era do que o Clube dos Solitários, com disfarçada roupagem e cuja saída da sede não foi fácil de se conseguir", reconhece o presidente Mario Cochieri na publicação oficial, acrescentando que tais fatos - o golpe financeiro e o arrendamento do bar - geraram uma divisão na diretoria.
Assim, defende a fusão pois "a Sociedade está com cerca de 500 sócios, dos quais 200 são remidos e outros 100 deverão sê-lo nos próximos dois anos, na forma do Estatuto.
A sobrevivência é impossível, com tão poucos contribuintes, sendo difícil até mesmo a conservação do imóvel. Portanto, a justificativa ainda é a mesma: as dificuldades sociais e financeiras da Sociedade".
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A questão da fusão Garibaldi/Santa Mônica transpõe o espaço interno e deixa de ser apenas notícia para colunas de clubes. Afinal, discute-se um patrimônio valioso e uma ampla e bela sede - em local privilegiadíssimo e que pode se transformar num ambiente dos mais agradáveis.
Isso se houver entendimento entre os garibaldinos - tão prontos para a luta como o patrono da Sociedade fazia há 130 anos, em suas batalhas no Rio Grande do Sul e na Itália.
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