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Aramis

Os garibaldinos que são contra a fusão

A revolta que provocou a convocação da assembléia geral, a partir das 7 horas da manhã do dia 26 de novembro de 1986, para tratar da fusão da Sociedade Garibaldi com o Santa Mônica, foi tão grande que nada menos que duas ações solicitando medidas cautelares para suspensão das negociações foram impetradas às vésperas da reunião. Um grupo formado pelo poderoso industrial Sinibaldo Trombini e mais Florentino Petrelli, Mário Clavio Belotto e Ivonette Ceccom, através dos advogados Guilherme Moreira Rodrigues e Eduardo Alberto Virmond, ajuizou a questão junto a 18ª Vara Cível - tendo o juiz Onessimo De Anunciação concedido a medida liminar. Já os associados Carlo Papagna e Giuseppe lanzuolo - através de ação deste segundo, que é advogado, recorreu à 14ª Vara, cujo juiz Sidnei Mora também concedeu a medida cautelar. Nas duas ações, os associados alegam a ilegalidade da assembléia da possível fusão e que a mesma contraria os estatutos da Sociedade Garibaldi. A própria assembléia geral foi convocada em caráter plebiscitário - e não para a discussão ampla e cristalina de um assunto de tamanha importância. xxx Os associados que são contra a fusão têm muitos argumentos, especialmente estranhando a pressa com que se pretende conduzir as negociações, ainda mais que neste semestre haverá eleições para a escolha de nova diretoria da Sociedade Garibaldi. Já há uma forte chapa oposicionista sendo estruturada, disposta a procurar voto por voto para impedir a reeleição do sr. Mário Cocchieri e seu grupo. O advogado Guilherme Rodrigues, 30 anos, da turma de 1981da UFP, interpretando o pensamento do grupo que representa, acredita que a fusão da Garibaldi com o Santa Mônica, "representará a morte de uma sociedade tradicional e centenária". Acreditando que a questão de recorrer à justiça, justifica, entretanto a ação cautelar como forma de se evitar o comprometimento de um patrimônio de muitos milhões de cruzados. Há muitas questões importantes em discussão: qual seria o valor patrimonial para cada associado da Garibaldi, considerando o imóvel existente numa das áreas mais valorizadas de Curitiba? Quais, efetivamente, os planos do Santa Mônica Clube de Campo para o aproveitamento desta sede? Qual a compensação a ser dada aos 500 garibaldinos? Por tantas questões, o grupo pró-conservação da Sociedade Garibaldi, autonomamente, pretende levar a questão até o fim, brigando em todas as instâncias por seus direitos. Por outro lado, frente à situação crítica da Sociedade, em termos financeiros, já se pensa numa grande campanha, capaz de motivar os ricos empresários descendentes de emigrantes italianos - como os Todeschini e os Trombini - e, a curto prazo, bancarem os custos de uma reestruturação da Garibaldi. Enfim, uma questão polêmica, digna das melhores batalhas que o patrono da Sociedade, em sua juventude, empreendeu no Brasil e depois tentando unificar e formar a república italiana.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
2
01/02/1987

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