A velha senhora tem muitos pretendentes
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de maio de 1989
Há muitos anos que a Sociedade Garibaldi, tal como uma apetitosa mulher que é mal atendida pelo marido, desperta o desejo de muitos homens, também atrai a cobiça e o interesse de muita gente. Afinal, embora mal vestida e sem maquiagem, a velha senhora social tem algo que é sempre atração: patrimônio. Pode não ter dinheiro vivo, mas seu imóvel que ocupa mais de mil metros quadrados, num dos pontos mais bonitos de Curitiba, desperta desejos de muitas fusões, casamentos e mesmo concubinatos.
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O Jockey Clube chegou, tempos atrás, a tentar uma aproximação com a velha Garibaldi. Filhos vigilantes da senhora sociedade expulsaram os cavalheiros (ou cavalheiro) antes que o namoro fosse iniciado. Depois foi a vez do Santa Mônica Clube de Campo, com seus milhares de associados e uma imensa sede de campo, lançar amorosos olhares de conquista para a senhora sociedade. Desta vez o namoro chegou até a começar, e só a força de suspensões judiciais é que a fusão não aconteceu.
A última tentativa foi oficial: o cônsul da Itália, Gian Carlos Izzi, 40 anos, vindo para Curitiba, e entusiasmado com as possibilidade da Garibaldi ter uma parte da sede alugada para o consulado, fez uma proposta de muitos mil dólares - que permitiriam a reforma do prédio. Entretanto, a idéia não foi bem aceita: tantos os atuais dirigentes, como líderes que agora estão na chapa oposicionista, descartaram a proposta do diplomata. Aceitariam, isto sim, "uma ajuda espontânea do governo italiano para a restauração, mas sem ceder o imóvel". Não houve acordo: o consulado acabou se alojando em várias salas do Edifício Itália e a Sociedade Garibaldi continua sem recursos para uma restauração. O cônsul Izzi lamenta a intransigência de seus compatriotas e estes esperam que a Itália, como quarta economia do mundo, ajude a entidade, "mas sem ocupação de nossos espaços para o consulado", diz Mário Cochieri.
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