Uma sociedade esvaziada (e que não quer ajuda)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 28 de agosto de 1988
Há muitos anos que a Sociedade Garibaldi sofre um processo de esvaziamento em seu corpo associativo - o que se reflete na arrecadação e, em conseqüência, déficit financeiro - o que impossibilita a manutenção da sede e execução de obras de restauração. Após a morte de Orlando Ceccom, os presidentes que o sucederam tentaram, inutilmente, soluções emergenciais que, na verdade, trouxeram mais problemas do que resultados. Uma das diretorias chegou a arrendar o salão de bailes para um conhecido promotor de forrós que, por alguns meses - para horror das velhas famílias garibaldianas - abriu as portas da conservadora sede às chamadas mulheres da vida fácil. Arrendatários de serviços de bar e restaurante também deixaram rombos financeiros, e o pior foi o golpe de respeitável quantia que um ex-tesoureiro da sociedade deu há anos - e cujo processo está na Justiça.
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Há três anos, sabendo das dificuldades que a Sociedade Garibaldi atravessa, o então presidente do Santa Mônica Clube de Campo, advogado Alberto Garcez Duarte Filho, fez uma aproximação com então presidente Mário Coquieri, no sentido de ser estudada uma fusão dos dois clubes. O Santa Mônica viria a ter um escritório central, com alguns serviços sociais, na sede da Garibaldi, e os sócios remanescentes desta passariam a usufruir o patrimônio do Santa Mônica. A reação a esta proposta foi violenta e a assembléia geral, convocada para o final de dezembro de 1986, em que a questão seria discutida nem chegou a ser realizada - pois dois grupos oposicionistas contrataram bons advogados e impediram judicialmente sua realização. A oposição a Coquieri que já era grande, cresceu, ainda mais - mas apesar de tudo conseguiu eleger seu sucessor, graças ao respeito que o Sr. Alfredo Sant' Ana desfruta pelo passado de luta nos anos trágicos em que dirigia a sociedade - quando não possuía sequer sede.
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Como a reação dos associados da Garibaldi foi negativa a qualquer idéia de fusão, os diretores do Santa Mônica Clube de Campo desistiram da proposta - pois isto somente desgastaria-os junto à comunidade.
Alfredo Sant'Ana, que via com simpatia a proposta do Santa Mônica, não gosta da palavra fusão. Na verdade, o nome Garibaldi seria mantido e o patrimônio continuaria na instituição. Apenas haveria um acordo operacional com o Santa Mônica - clube-empresa que devido seus milhares de associados tem uma arrecadação hoje superior ao orçamento de algumas prefeituras do Interior - e faria os investimentos necessários para a recuperação da sede. E, naturalmente, ganharia um excelente ponto central, com serviços de primeira categoria.
Esta idéia, entretanto, está, ao que consta, definitivamente, sepultada.
Agora, a proposta do Consulado Geral da Itália, oferecia, ao que parece, menos riscos - já que seria um contrato de aluguel, embora por um período de 108 meses. Numa primeira etapa - a nível de diretoria - foi recusada.
O cônsul Gian-Carlo Izzo teria o prazo de dar uma resposta ao Ministério das Relações Exteriores da Itália até a última sexta-feira, 26 de agosto. Como não deu, parece que a Garibaldi continuará com seu patrimônio como está: belo - mas decadente - edifício, necessitando de obras e com apenas 250 sócios. Dos quais, apenas 50 estão com a mensalidade em dia - conforme o presidente Alfredo Sant'Ana confidenciou, há algum tempo, ao colunista Carlos Tavares, editor das "Dicas do Charles", e secretário-de-redação da Tribuna do Paraná.
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