Uma lição de Paraná com o mestre Samuca
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de novembro de 1980
Hoje à noite, na Casa Romário Martins, uma espécie de lição de Paraná através de uma informal palestra do jornalista Samuel Guimarães da Costa, editor da revista "panorama". A motivação que levou Samuca, um dos mais conhecidos e estimados profissionais da imprensa do Sul do Brasil, a aceitar o convite para falar sobre o seu Estado, está no lançamento do primeiro fascículo sobre a história do Paraná, numa nova leitura e reinterpretação, que a revista "Panorama", hoje semanal, publica a partir do número que está indo para as bancas. Aos 60 anos de idade e 41 de jornalismo, Samuel Guimarães da Costa, paranaense de Paranaguá, é não só o jornalista que mais de perto acompanhou a vida política do estado a partir de 1940, como também sempre se preocupou em interpretar sócio e economicamente a nossa realidade. O resultado é que há pelo menos três décadas não houve governo que prescindisse de sua colaboração num assessoramento superior. Independente de posicionamento superior. Independente de posicionamentos políticos, mesmo aqueles que possam não concordar com as colocações ideológicas-políticas de Samuca a ele sempre recorrem quando precisam basear um pronunciamento de peso e responsabilidade. Mergulhado em sua biblioteca paranista uma das mais completas aqui existentes, ou ilhado em sua casa de praia, Samuel produz textos perfeitos, cristalinos mas contundentes quando necessários. Com as características das pessoas realmente competentes uma extrema simpatia e cordialidade no trato com todos, dos humildes aos poderosos, Samuel jamais se recusa a orientar um repórter em início de carreira, um político em dúvidas ou mesmo um administrador menos seguro de uma decisão a ser tomada. Ao longo de seus anos de honesto profissionalismo, Samuel já passou por todas as redações do Paraná, editou muitas revistas (quase sempre em colaboração com o seu infatigável amigo José Curi) e hoje da o nível de responsabilidade que "Panorama" justifica por seus 30 anos de circulação. Autor de "A Formação Democrática do Exercito Nacional", premiada há 20 anos no concurso de monografia promovido pela Biblioteca do Exército obra das mais importantes, citada inclusive por John Foster Dulles no ensaio que escreveu as respeito de Getúlio Vargas Samuel há muito promete reunir em livro uma série de reportagens que publicou nos anos 60 e parte da década de 70, na revista "Norte do Paraná", que o bom amigo Aristeu Brandespim, já falecido, editava com a garra e honestidade. Naquelas reportagens. Samuel reviu criticamente as sucessivas administrações estaduais, muitas das quais participou diretamente. Entretanto, apesar de ter sido Chefe da casa Civil do Governo Paulo Pimentel num trabalho aliás de grande significado Samuel sempre se considerou um repórter. O repórter que indaga, questiona, interpreta e busca ao leitor a informação correta e consciente, e que o faz, sem favor, merecer o respeito de todos que tem orgulho de uma profissão nem sempre dignamente valorizada. Ao decidir rever a história do Paraná, ele que a conhece tão bem, o bom Samuca está oferecendo aos leitores jovens especialmente oportunidade de conhecer melhor o nosso Estado, seus homens, seus ciclos econômicos, contando fatos que até hoje não tiveram a merecida reavaliação.
Xxx
Hoje, na mesma sessão em que Samuel fará sua palestra, outro evento importante: Francisco Graça de Moura, professor, sociológico e técnico em desenvolvimento comunitário, estará lançando "Ideologia do Planejamento Urbano e Social"(51 páginas, volume 1 da série "Cadernos do IPES). Pernambucano de larga quilometragem em cursos e cargos exercidos em vários Estados, seis livros editados, 109 projetos e 46 pesquisas, Graça Moura reside hoje em Curitiba, como diretor do Instituto de Planejamento e Estudos Sociais e consultor técnico da Prefeitura para a implantação do programa de unidades econômicas, experiência pioneira de microempresa comunitária que o prefeito Jaime Lerner vem implantando, já com 30 industrias artesanais de vizinhanças funcionando na periferia da cidade. Em "Ideologia no Planejamento Urbano e Social", Graça Moura reuniu uma série de pareceres e analises sobre ação comunitária, misticismo, artesanato, dinâmica de grupo, desenvolvimento de comunidades e lazer no planejamento urbano. A obra inaugura os "Cadernos do IPES", publicação que promete ser bimestral e focalizará sempre os mais atuais temas em ciências sociais, a partir de experiências que são realizadas pela entidade.
LEGENDA FOTO 1 - Samuel Guimarães.
Enviar novo comentário