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Aramis

Uma obra-prima do cinema americano

Muitos aspectos fizeram de "O Mensageiro do Diabo"(Cine Lido, hoje, 10h30min, única exibição somente para convidados) um cult movie de características epeciais. De princípio, foi a única experiência do excelente ator Charles Laughton (Scarborough, Inglaterra, 1/7/1899 - L. Angeles, 15/12/1962) como diretor. Ator dos mais notáveis - pelo menos as gerações de cinéfilos dos anos 50/60, lembram-se de suas atuações em filmes como "Testemunha de Acusação" (1957), "Sob Dez Bandeiras" (1960), "Sapartacus" (1960) e, em seu último filme, "Testemunha de Acusação" (1962). Laughton só entusiasmou-se a tentar a direção devido ao encanto de um conto de Dave Grubb. Uma história simples - a maldade demoníaca num pastor fanático (Robert Mitchum, em sua melhor atuação), que assassina mulheres e persegue um casal de crianças (inesquecíveis interpretações dos garotos Billy Chaplin e Sally Jane Bruce, que não fizeram carreira), transformou-se num filme de imagens góticas, no qual a fotografia de Stanley Cortez foi delirantemente bela, com influências do expressionismo alemão mas também lembrando primitivos pintores americanos. Seqüências como a da perseguição às crianças, a mulher morta no lago (Shirley Winters, em sua melhor forma) e Lilian Gish, como a guardiã de um asilo de crianças, permanecem na retina, 32 anos após a realização desta obra-prima do cinema. O roteiro de "The Night of the Hunter" foi um dos últimos trabalhos do escritor James Agee, falecido em 5 de maio de 1955, aos 44 anos. Jornalista, roteirista notável (outro de seus melhores trabalhos foi "The African Queen/Uma Aventura na África", para John Huston, em 1951), Agee escreveu um único romance, mas considerado também um clássico da moderna literatura americana: "A Death in Family" (até hoje sem tradução em português). "O Mensageiro do Diabo" foi mais uma prova das injustiças da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Apesar de sua perfeição, não obteve uma única indicação ao Oscar, embora, naquele ano, (1955), os membros da instituição tivessem se voltado a produções simples e despojadas e dado três Oscars a "Marty" (filme, ator - Ernest Borgnine e direção - Delbert Mann), outro cult-movie cuja revisão se faz necessária. LEGENDA FOTO - A imagem do pavor: Robert Mitchum e o garoto Billy Chaplim em "O Mensageiro do Diabo", uma obra-prima em exibição reservada.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Tablóide
07/02/1987

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