Vida editorial
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de maio de 1977
Apenas de um todo o Brasil não existirem mais que 400 livrarias e das constantes concordatas e mesmo falências de editoras (inclusive algumas tradicionais), o mercado parece estar crescendo. Suprindo a falta de livrarias com pontos de vendas improvisados - bancas de jornais, estante em farmácia, supermercado, restaurantes etc., mais de 50 editoras, de vários Estados, disputam uma faixa de população que tem o prazer da leitura. E, as ofertas começam a ter uma expansão impressionante de títulos, do mais apelativos romances eróticos (na linha dos consumidos livros de Brijete Bilou, Adelaide Carraro, Márcia Fagundes Telles etc), até obras especificas, detalhadas, referências a parcela especificas de interessados.
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Dois exemplos: "Santa Inquisição: Terroe e Linguagem" e "Vocabulário de Caça". O primeiro é o volume 3 da coleção "Documenta/-Fontes", que o editor Marcos Margulies criou para a sua seríssima Editora Documentário. Somente dentro de algumas semanas este trabalho de Alias Lipiner estará nas livrarias e, em sua proposição, é o primeiro no gênero: uma cuidadosa catalogação de todas as expressões relacionadas a negra fase da Inquisição, que instituída pelo papado no século XII só foi abolida no século XIX, por Napoleão. Em forma de verbetes, Lipiner esclarece palavras cujo significado poucos conhecem - pois a própria inquisição, passados tantos séculos, ainda tem pequena bibliografia em português, a disposição dos estudiosos. Preocupado com os problemas do judaísmo, Lipiner publicou anteriormente 2 livros em português e 4 em idish, e neste seu "Santa Inquisição: terror e linguagem", fixa-se, principalmente, na inquisição em Portugal e nos chamados "cristão novos". Menos dramático mas também praticamente único em sua faixa, Clado Ribeiro de Lessa (1906-1960) com seu "Vocabulário de Caça" (Companhia Editora Nacional, volume 239 da coleção Brasiliana), oferece ao longo de 119 páginas, os eventos clássicos portugueses de cinegética geral, os relativos à falcoaria e os vocábulos e expressões de uso peculiar ao Brasil. Publicado originalmente em 1944, "Vocabulário de Caça"(2ª edição em convênio com o Instituto Nacional do Livro, Cr$ 20,00), é daquelas obras curiosas, que ao lado do interesse para os caçadores - hoje cada vez mais restritos em seu devastador esporte - é válido também como livro de consulta e referência, com esclarecimentos que não se encontram, normalmente, mesmo nas melhores enciclopédias.
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Na Europa, obras como "Enciclopédia da Chave", o grande dicionário do Vinho (em 10 volumes), "Relógios do Mundo" etc, são comuns - e chegam a conseguir tiragens significativas. Portanto, não se surpreendam com livros semelhantes aparecendo agora no Brasil.
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Falando em livrarias, uma prova de que a competência, a educação e o esforço honesto produzem bons frutos: Aramis Chaim, o mais estimado livreiro de Curitiba, que com sua "Nova Ordem", ao lado da Universidade Federal (Edifício Dom Pedro II), tem uma fiel clientela, adquiriu uma loja vizinha, no térreo do edifício Duque de Caxias, onde instalará a mais confortável livraria da cidade, inclusive com salão de leitura.
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