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Aramis

Vídeo faz crescer livros e revistas

Se o cinema estava em baixa como pauta jornalística até meados dos anos 70, relegado a pequenos espaços em jornais e revistas - mesmo os que tradicionalmente sempre dedicaram generosa atenção a sétima arte - a ascensão do vídeo veio não só revitalizar o cinema, como interesse dos leitores - como provocar uma abertura em publicações especializadas. Embora o alvo seja o vídeo, com seu comodismo doméstico, o fato é que tudo que se faz hoje - e tem nos festivais a sua primeira amostragem - passa a interessar cada vez mais um público que deseja a informação up to date. Mesmo os mais caros livros importados - hoje acima dos Cz$ 10 mil - passaram a ser disputados nas livrarias que trabalham com edições vindas da Europa e Estados Unidos, animando nossas editoras a também fazerem edições em português. Quem imaginaria, há alguns anos, que uma obra como "A Cidade das Redes", de Otto Friedrich (Companhia das Letras, 477 páginas) teria uma edição tão bem cuidada no Brasil! A Brasiliense, lança nesta semana "Hollywood" (tradução de Élcio Fernandes, 380 páginas, Cz$ 5.460,00), reunindo entrevistas que Michel Ciment fez com cineastas como John Huston, Billy Wilder, Joseph L. Mankiewicz, Roman Polanski, Milos Forman e Win Wenders. Crítico da revista "Positif" nestes últimos 20 anos, Ciment é um dos nomes mais respeitados do jornalismo cinematográfico e, do imenso material que dispõe, selecionou estas entrevistas para um volume do maior interesse para o público que deseja conhecer o pensamento de cineastas que souberam "filmar a América e na América", como observou Sérgio Augusto, estabelecendo um ponto de identidade entre os realizadores que mereceram a inclusão nesta obra: todos tem o contato com a América (e o cinema americano), mesmo os que nasceram e viveram na Europa, como Huston e Mankiewicz - o austríaco Billy Wilder, o alemão Wenders, o polonês Polanski e o checo Forman. Diz Sérgio Augusto, com razão: "Uma ponte aérea os unifica. Não foi por acaso que Michel Ciment intitulou o seu excelente livro de "Passaport Pour Hollywood", na edição original (no Brasil chama-se apenas "Hollywood - Entrevistas"). xxx Se os livros de cinema despertam cada vez maior interesse, também as revistas especializadas voltam a ter uma grande aceitação. Sem até agora se preocupar com o vídeo, o "Cinemin", que o cinéfilo Fernando Albaglim, diretor da EBAL, fez renascer, é enciclopédica, com números que esgotam os temas abordados - Oscar, seriados, estrangeiros que filmaram no Brasil, etc., fazendo-a em sua linha, a melhor publicação do Brasil. Já revistas como a pioneira "Vídeo News", da Sigla, ou a "Set", da Editora Azul, procuram cobrir mais a área de vídeos - com um fértil mercado publicitário, beliscado também pela meia dúzia de outras publicações. Curioso é o caso do "Jornal do Vídeo", que Oceano Vieira de Melo fundou em Campinas e que é hoje realmente o mais completo jornal de cinema e vídeo do Brasil. Assumidamente uma versão da "Variety" - em forma gráfica e editorial, o "Jornal do Vídeo" circula hoje com uma média de 110/120 páginas, repleta de anúncios e ampliando (e melhorando) seu quadro editorial, o que a faz ter uma circulação em ascensão e merecer cada vez maior prestigiamento publicitário. Suplementos encartados em jornais também estão dando certo. Não só as páginas de vídeos da imprensa do Rio e São Paulo, mas um suplemento como "Vídeo", que o crítico Pedro Moniz Freire edita semanalmente no "Diário do Nordeste", em Fortaleza, cria condições autônomas de circulação - e tem hoje distribuição regular em todo o país. Há dezenas de outros exemplos bem sucedidos. Infelizmente, no Paraná, a cobertura de vídeo ainda é limitada, sem nenhum projeto de maior atrevimento editorial.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
8
06/10/1988

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