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Aramis

Viva a Noite com alegria do povão

Quase 20 anos após a morte de Paulo Wendt (1915-1966), uma dupla sonha em reerguer a noite curitibana com uma rede de casas dançantes: Aldo Cardoso e Celso José Lima, com os lucros obtidos na danceteria "Roda Viva", investiram alguns milhões na implantação da "Viva Maria" na Rua Cruz Machado e nesta semana inauguram o "Viva a Noite", na Praça Osório. Alugando a ampla área pertencente à família Demeterco - e onde anteriormente existiu o "Stardust", Cardoso & Lima contrataram Gugu Liberato, apresentador do programa "Viva a Noite" (TVS-Canal 4, sábados), para apresentar shows nas noites de hoje e amanhã. Já ontem a noite, o diretor artístico da casa, o cantor Wilson Roberto, decidiu prestigiar os cantores da terra - Jamil Hussein, Roedil Caetano e Natinho, todos com discos gravados e lutando por um espaço maior na música brasileira. Acreditando na vontade dos curitibanos divertem-se em ambientes populares, o empresário artístico Antônio Gil não teve dúvidas: antecipou Cr$ 40 milhões ao Clube Atlético Paranaense para promover nada menos que oito bailes carnavalescos. Vai investir mais Cr$ 50 milhões em outras despesas e com ingressos a Cr$ 10 mil espera recuperar (com lucros, obviamente) o que está aplicando. Para a história do lazer curitibano, que só será possível reconstituir, um dia, mediante registros esporádicos de jornais: os bailões populares, especialmente na periferia da cidade, demonstram que por mais crise financeira que exista, o povo quer se divertir. Inaugurando na semana passada seu novo restaurante dançante - o "Arco-Íris", o acordeonista Ivan Graciano, teve que reabastecer o almoxarifado 24 horas depois, tal o movimento da casa. Ivan é filho da saudosa dupla Belarmino & Gabriela, bom músico e praticamente pioneiro na implantação dos "forrós" em Curitiba. Em suas casas, a família trabalha unida: sua esposa controla o caixa, ele faz shows e supervisiona o salão e na portaria fica o seu rigoroso sogro, enquanto a simpática Gabriela, firme e forte, cuida da cobrança do couvert artístico.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
07/02/1985

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