A volta de Zé Maria
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de março de 1978
Ausência há quase um ano dos palcos da cidade, percorrendo o Interior do Paraná e Santa Catarina ou dedicando-se ao grupo da Escola Técnica Federal do Paraná - onde atualmente prepara um espetáculo com textos de poetas brasileiros - José Maria Santos estréia sábado, no auditório Salvador de Ferrante, a comédia "Alguém Falou de Amor". Uma comédia de Mário Brasini pra carrancudo nenhum botar defeito, como explica o bom Zé Maria, o espetáculo já foi levado em várias cidades, sempre com uma aceitação. A direção foi dividida entre o próprio José Maria e Nelson Morrison, com cenários de Irineu Adami. Zé tem o papel central, ao lado do veterano Lúcio Weber e de uma nova atriz, Claudete de Oliveira, paranaense de Francisco Beltrão, uma das revelações da montagem de "O Pagador de Promessas" de Dias Gomes, feita pela ETFP, sobre a direção de Aluizio Guerrilha Cherobim. Posteriormente, Claudete reapareceu em "Os Faladores" E "A Guarda Cuidadosa", de Miguel de Cervantes e "Os Pequenos burgueses", de Gorki, sob a direção do mesmo Zé Maria. Agora, faz sua estréia em termos profissionais.
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José Maria Santos, que é - não nos cansamos de repetir - o mais profissional dos homens do teatro paranaense, promete que em breve vai colocar a boca no trombone para cobrar do ator e "cineasta" carioca Carlos Mossy, o gasto que teve para se deslocar de Curitiba ao Rio e participar de algumas sequências de "Ódio", chanchada da violência, da qual, em boa hora, acabou afastando-se. José Maria sentiu o baixo nível daquela produção e a falta de perspectivas de desenvolver um bom trabalho, afastando-se para não comprometer o bom nome que tem hoje, inclusive em escala nacional. Aliás, o "talento" de Mossy poderá ser sentido nesta semana, frente a chanchada pornográfica "Manicures A Domicílio" (Cine Lido), cujo trailler, exibido durante 2 semanas, já foi suficiente para afastar o público com a mínima exigência.
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Um dos mais prósperos pecuaristas do Norte do Paraná, com grandes investimentos em Mato Grosso e, agora, no Paraguai, dizia, no sábado passado, comentando a grave situação da agricultura no Estado:
- "Em termos de rentabilidade, nada se compara a pecuária: desde que existe espaço, o gado engorda sozinho, com poucos riscos e tendo um preço na base da oferta e da procura. Só na etapa de industrialização - isto é, quando o gado chega aos frigoríficos é que passa a existir maior controle nos preços".
Assim, enquanto os agricultores se debatem com fatores climatológicos adversos, pragas, instável mercado internacional e uma política de preço mínimos, que nem sempre agrada, os pecuaristas se mantém otimistas e formam hoje uma classe economicamente tranqüila. Em algumas ocasiões, é claro, a soja ou, principalmente, o café, garantem um lucro maior. Mas instável, segundo o pecuarista mencionado:
- Nós (os pecuaristas) corremos sempre a 80 Km. Sem perigos, certos de que chegamos onde queremos. Os agricultores vão até a 120, mas com muitos riscos de quebrarem a cara e ficarem no meio do caminho...
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