Arte & Sociedade
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 16 de outubro de 1975
As relações entre Arte e Sociedade tem merecido análises exaustivas através dos tempos. Jacob Burckardt, em seu estudo sobre a cultura do Renascimento na Itália, publicado no século passado, afirma haver uma espécie de identidade entre as tendências ou aspectos sociais e culturais de um período, isto é, entre o individualismo da arte de Leonardo da Vinci o pensamento político de Maquiavel e as práticas econômicas de um mercador florentino da época. As duas últimas décadas presenciaram uma reavaliação radical de toda a base de julgamento das formas artísticas, assim como assistiram uma experimentação destemida com os meios de comunicação e as novas técnicas. Isso levou, como era inevitável, a um questionamento, igualmente fundamental do âmbito e da finalidade do ensino da Arte nas escolas superiores de Belas Artes. A Tecnologia deixou de estar inteiramente divorciada da Estética, e o ensino da Arte passou a experimentar o que se poderia chamar de "revolução permanente", em cujo processo não tem mais sentido as estruturações de escolas, grupos ou movimentos uniformes e isolados do contexto social. As Ciências Sociais e a Psicanálise transmitiram suas mais profundas concepções e introvisões às artes ampliando um público desejoso de compreender o que está realmente acontecendo.
Assim, um livro como "O Contexto Social da Arte" (Zahar Editores, 189 páginas, 1975), organizado por Jean Creedy, chefe do Departamento de História de Arte da Universidade de Brighton, e no qual colaboram algumas das maiores figuras do panorama artístico da Inglaterra, está perfeitamente integrado em sua época, no espirito que domina o pensamento contemporâneo sobre mudança, novas atividades e movimentos nas artes, sendo tão necessário ao estudante de arte como ao seu professor, ao sociólogo ou ao historiador. Ao artista praticante oferece uma compreensão melhor do ambiente em que as artes podem suscitar um impacto mais amplo e imediato. Tradução de Yvonne Alves Velho, professora de antropologia da UFRJ e Sérgio Flaksman.
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