Artenova deixa ramo do cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de agosto de 1985
Prova de que poesia não conflita com o senso empresarial (e o velho Augusto Frederick Schmidt já era um exemplo disso), o poeta carioca Álvaro Pacheco tornou-se um dos mais bem sucedidos empresários, na área cultural. Primeiro através da editora Artenova, que lançou muitos best-sellers no anos 60 e 70. Depois, como distribuidor de filmes.
A primeira grande jogada de Álvaro foi acreditar na abertura do cinema nacional, aos últimos governos da revolução. Assim, quando ninguém pensava em ver sexo explícito nas telas brasileiras, Pacheco comprou por um punhado de dólares os direitos de exibição de "O Império dos Sentidos", de Nagisa Oshima, premiado no festival de Cannes cm 1977 e grande escândalo internacional na época. Conseguindo lançar esse filme de arte mas com cenas de sexo explícito com 1980, Álvaro Pacheco faturou bilhões de cruzeiros.
A segunda loteria esportiva do poeta foi que, ainda em 1982, quando o filme se encontrava em pré-produção, ele adquiriu para o Brasil os direitos de "O Dia Seguinte", apresentado na televisao americana em outubro de 1983 e que estreou nacionalmente em janeiro de 1984, com uma renda fantástica.
Entre essas duas tacadas de milhões, a Artenova Filmes trouxe, ainda, inúmeros filmes de qualidade, entre a produção premiada internacionalmente.
Agora,surpreendentemente, Pacheco decidiu, há poucas semanas, desativar a área de importação da empresa. Ou seja: não vai comprar mais filmes e se limitará a esgotar os direitos das produções de que já dispõe no acervo.
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