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Aramis

Ao invés do Centro, uma mansão para o governador

Retornando de uma viagem de 30 dias ao Alaska, uma das regiões do mundo que só agora se está descobrindo para o turismo, a jornalista Rosy de Sá Cardoso, profissional das mais respeitadas na área, manifesta entusiasmo pela organização de cidades de 2 a 5 mil habitantes daquele gélido Estado Americano. Em Sitka, com apenas 3 mil habitantes, o transatlântico ancora ao largo (não há porto) e os passageiros são desembarcados através de lanchas. Entretanto, há toda uma infra-estrutura para o turismo receptivo, com tour pela cidade, incluindo visita a um centro de convenções com capacidade para mais de 3 mil pessoas. Exemplos como o que Rosy nos traz agora poderiam ser invocados para demonstrar o absurdo que é Curitiba continuar não dispondo de um centro de convenção capaz de comportar inúmeros congressos c encontros que aqui deixam de acontecer devido à falta de equipamento mínimo para receber mais de 1.500 pessoas. xxx Há algumas semanas, o prefeito Maurício Fruet encontrou o médico e hoteleiro AndréFatuch, eleito diretor internacianal do Lions, na convenção nacional de maio último, e lhe agradeceu pela realização do congresso nacional do clube em Curitiba. "Só a arrecadação do imposto municipal no período da convenção dos leões triplicou", disse Maurício, referindo-se ao movimento extraordinário que a presença de milhares de integrantes do leonismo trouxe à cidade durante o congresso. Apesar disso, um centro de convenções continua um sonho distante em Curitiba. xxx Há dois anos, ao assumir a Prefeitura, uma das primeiras preocupações de Fruet foi apoiar o projeto de utilizar o terreno onde durante décadas funcionou a fábrica Estearina para localizar a sede de um centro de convenções. Situado em área central, de fácil acesso e facilidade para um moderno prédio destinado a sediar eventos. O Sindicato da Hotelaria um dos maiores interessados no projeto apoiou entusiasticamente a idéia; a Embratur, também, e até a inoperante Paranatur, pela perspectiva de Curitiba ganhar, afinal, um centro de convenções. Imaginem o que aconteceu? "O projeto foi desaquecido e engavetado. Alegação: o governador José Richa acha que o local é ideal para ser construída a mansão do governador. Richa afirma que a obra não o beneficiara, pois, quando ficar pronta, felizmente seu governo já terá terminada, mas estará "complementando", no Centro Cívico, com um palácio residencial destinado ao governador, uma idéia que vem, ainda, de quando aquela área foi projetada, ha 30 anos passados. Só que, nessas três décadas, muitas coisa mudou. E uma das preocupações doa homens públicos deve ser, justamente, acabar com obras faraônicas, com as despesas inúteis e as mordomias vergonhosas. O que justilica, pois, construir essa pretensiosa mansão para o governador, ao invés de um centro de convenções? Um homem que chega ao governo do Paraná presume-se deve ser alguém muito ligado ao Paraná (como é o caso de José Richa), que tenha suficiente afinidade com a Capital Paranaense e que aqui possa se fixar sem necessidade de mordomias. Se, também, o governador que se elege não dispoe de casa própria, deve merecer um salário compatível para o aluguel de uma casa condigna. Richa, aliás, não enfrentou problemas de moradia: mandou reformar a confortável mansão governamental do Parque Castelo Branco e ali reside desde março de 1983. Portanto, a idéia de bloquear a iniciativa da construção de um centro de convenções no Centro Cívico para dar lugar a uma mansão uma mansão destinada ao governador, é mais um dos mais erros dessa aministração que tanto está custando a terminar...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
27/08/1985

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