Artigo em 08.12.1981
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de dezembro de 1981
O cineasta Francisco Ramalho Jr. tem todos os motivos para reclamar da Embrafilmes. Afinal, seu filme "Paula" além de não ter merecido lançamento num cinema do circuito comercial de Curitiba, foi prejudicado tem sua estréia no cine Groff, pertencente à Fundação Cultural e que por ser subvencionado pelo município não tem preocupações de lucratividade. Só que a cópia entregue à gerência do cine Groff veio com tantas falhas técnicas, que no sábado, após uma nova interrupção na sessão das 16 horas, a simpática gerente da casa, professora Vilma Cabral, não teve outra alternativa: devolveu os ingressos aos (poucos) espectadores presentes, enquanto Valêncio Xavier, programador da sala, justificou a atitude (das mais elogiáveis, aliás, já que não é justo que o público seja obrigado assistir a uma cópia estragada, prejudicando a obra original). Em substituição, o cine Groff está reprisando "Os Doces Bárbaros", documentário sobre a frustada produção que reuniu, há 5 anos, Gil, Caetano, Bethania e Gal Costa, interrompida em Florianópolis, quando Gilberto Gil foi preso acusado de guardar maconha em seu apartamento de hotel.
Quinta-feira, o cine Groff lança "Heroínas do Mal", filme elogiado pela crítica internacional e para o dia 24 está programada uma estréia que deverá garantir sessões lotadas: "Salve-se quem puder", o último de Jean Luc Godard.
A propósito do Groff: é o primeiro cinema de Curitiba a ter uma mulher como gerente. A professora Vilma Cabral, há 3 semanas no cargo, vem sendo pioneira em mais este setor, com tanta eficiência que Zito Alves, experiente observador da história de nossos cinemas, acredita que em breve a Fama Filmes também estará dando chances às suas funcionárias de chegarem a gerências dos cinemas. Área que até hoje, no Paraná, estava vetada às mulheres.
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