O filme de Saura só amanhã no Groff
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de abril de 1988
Normalmente o cinema espanhol lembra Luís Bunuel (1903-1983), embora a maior parte de sua obra tenha sido realizada fora de seu país. Hoje, o melhor do cinema espanhol identifica-se a Carlos Saura, 56 anos, que acaba de lançar sua última superprodução ("Eldorado"), interrompendo o ciclo de filmes-danças que o consagrou mundialmente.
Mas o cinema espanhol teve nos três "B" sua grande marca nas décadas de 40/50: além de Bunuel, também (Juan Antonio) Barden, 66 anos e (Luís G.) Berlanga, 67 anos, 40 anos de cinema.
A Mostra do Cinema Espanhol iniciada ontem no Groff, traz ao menos filmes de Saura e Berlanga, além de Pedro Almodovar, que nos últimos dois representou a Espanha no FestRio com "O Matador" (1986) e "A Lei do Desejo" (1987), este lhe valendo o Tucano de Prata de melhor diretor.
"Matador", um filme misturando toureiros e homossexualismo, abriu ontem a mostra. Hoje será exibido "La Escopeta Nacional", filme que Luís G. Berlanga realizou em 1977. Amanhã, o filme mais atraente da mostra: o western "O Pistoleiro Sem Lei e Sem Alma" (Llanto por un bandido), que Saura realizou em 1964 com o francês Lino Ventura e a italiana Lea Massaribido programa duplo, no Scala, como se fosse um bang-espanhol (na época Saura era totalmente desconhecido), de forma que agora volta revalorizado. Só que a exemplo de cinco (dos 6) filmes desta mostra, vem em versão original, sem legendas. O único filme com legendas é "Epílogo", 84, de Gonzalo Suarez, programado para segunda-feira. No domingo 17, será apresentado "Los Dias Del Pasado", 76, de Mário Camus, realizador espanhol de relativo prestígio. O encerramento da mostra será no dia 19 com "Arrebato", 1979, de Ivan Zulueta.
Com exceção de "Matador", são, portanto, filmes dos anos 70, de uma fase intermediária do cinema espanhol. Valem, entretanto, como informação.
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