É por estas (e outras) que o psiquiatra Eduardo Mascarenhas inclui Curitiba como exemplo de provincianismo: sábado, um casal carioca, ela uma artista plástica de fama nacional, chegou à cidade e foi ao hotel O'Haras, na praça Santos Andrade. Ao preencherem as fichas, colocaram seus nomes verdadeiros e o recepcionista assustou-se ao ver sobrenomes diferentes. Exigiu explicações, que foram dadas mas não aceitas. - Não aceitamos casais que não tenham o mesmo sobrenome. Respondeu o cidadão: - Mas vivemos junto, numa situação legal. E por lei o hotel não pode fazer discriminações. Nestas alturas, o gerente da casa interveio: - É norma da casa. E pronto! Ante a irritação do casal, que ameaçava agir judicialmente, o gerente do O'Haras concordou, mas com uma condição: - Está bem. Mas a senhora tem que mostrar um documento que prove sua total dependência econômica do cidadão. A mulher, irritada, respondeu: - Mas como! Numa época em que as esposas buscam sua autonomia financeira, o sr. vem exigir um documento que prove minha dependência financeira... - É, mas é a única forma. A outra forma foi o casal procurar um hotel com administração mais civilizada. E denunciar a todos os amigos o que acontece em hotéis como O'Haras.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Nenhum

Coluna ou Seção: Tablóide

Página: 8

Data: 23/12/1980

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