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Aramis

Artigo em 31.12.1980

O projeto Sol Maior, com o qual a Secretaria da Cultura vai marcar sua presença no litoral, acaba de sofrer a primeira baixa antes mesmo de iniciar. Devido à falta de colaboração do Sesc, recusando oferecer hospedagem e alimentação aos grupos de teatro que iriam a Matinhos, Caiobá, Guaratuba e outras praias, as peças "O Leiteiro e a Menina da Noite", "Zap Zupt Trac e Truques para manter o verde vivo" e "A Dama das calças sujas" não poderão serem vistas pelas crianças que estão nas praias. Em compensação, mais de 30 jovens músicos e cantores fora selecionados pela Coordenadoria de Ação Cultural para participarem da segunda edição deste projeto, que se estenderá até o final de fevereiro. A exemplo de verão de 1980, a intenção é atingir todos os pontos do litoral, não esquecendo inclusive o mais deserdado dos municípios paranaenses: a isolada Guaraqueçaba. xxx Antônio Carlos Kraide, tão bem sucedido em suas montagens teatrais em 1980 que foi passar o Natal em Los Angeles e o reveillon em Nova Iorque - após circulada por New Orleans e Honolulu, em companhia de Marcelo Marchioro, diretor de arte e programação da Fundação Teatro Guaíra, não parou de trabalhar. Assistiu uma montagem off-off Broadway que o entusiasmou tanto que, mesmo sem falar mais do que três palavras em inglês, conseguiu os seus direitos. E, por telefone, ligou para a atriz Olinda Wischral, convidando-a para o principal papel desta peça ("The last happy woman in the World") que deseja montar ainda no primeiro semestre de 81. Olinda recebeu o convite como o melhor presente de Natal. Afinal, com 10 anos de palco, 12 peças e ultimamente requisitada para comerciais de televisão, atuou numa das mais elogiadas peças infantis deste ano: "Eu chovo, tu choves, ele chove" de Silvia Orthoff. xxx Cada vez aumenta mais a sofisticação e a informação para os milionários que dispõe de dinheiro disposição para criar cachorros de raça. Enquanto é vendida pelo sistema de reembolso postal uma cara "bed dog", anunciada como capaz de evitar problemas de saúde para o seu cão de estimação", Carlos Rohden, especialista em publicações importadas oferta algumas revistas internacionais, especializadas. Assim a "Dog World", publicação mensal que "traz tudo o que você precisa saber sobre a arte do ensinamento, da alimentação, da saúde e do comportamento dos cães de qualquer "raça", custa Cr$ 2.432,00 na assinatura anual. Já para os [adeptos] do hipismo, há uma publicação semanal bem mais cara: "Blood-Horse", a Cr$ 9.664,00. Aliás, a gama de ofertas de revistas especializadas vai desde uma publicação especializada num jogo que é modismo na Inglaterra ("Brish Chess") até atualidades, como o semanário alemão "Stern" (Cr$ 17.920,00), passando pelos mais diferentes hobbies e manias. Haja tempo, disposição e, principalmente, dinheiro para tanto. xxx O violonista, advogado e compositor Celso Locker, ligado a música desde os 5 anos, quando participava do Clube Mirim M-5, ganha a vida como advogado da Prefeitura. E agora, tendo se mudado para uma mansão no alto do Juvevê, decidiu aderir de uma forma bastante publicitária a campanha de economia de combustível: substituiu a já econômica motocicleta que utilizava por uma bicicleta de corrida, ma prometendo, a partir de janeiro, tentar algo inédito: fazer o percurso (ao menos a descida, pela manhã) em patins, já que também é habilidoso neste modismo. Como Celso "Pirata" passa diariamente defronte a residência do prefeito Jaime Lerner, o convidou para que também aderisse a bicicleta, fórmula ainda mais econômica - e atlética - do que o sistema integrado de transporte. xxx No mais completo anonimato, sem se preocupar em fazer qualquer divulgação, o técnico Pedro Scherer Neto publicou um livro de 32 páginas intitulado "Aves do Paraná", em edição do Instituto Zôo-Botânico Mário Nardelli, de São Paulo. O livro custa Cr$ 300,00 e apesar de ser uma obra de interesse regional não teve até agora a menor divulgação. Aliás, o seu autor também não se preocupou com isto. Já o polêmico Alberto Ruschi teve suas "Aves do Brasil" lançado em edição de luxo, acessível apenas ao que se dispõe de investir somas elevadas numa obra especializada. xxx Orlando Azevedo, ex-A Chave, hoje ganhando (muito bem) a vida como criador de cães de raça e fotografo publicitário, está fazendo muitos projetos para dinamizar a galeria de arte fotográfica que começa a funcionar junto a sede da Companhia de Seguros Bandeirantes. Uma de suas metas e trazer para aquele espaço a mostra "Origens" e Expansão da Fotografia no Brasil - Século XIX", do fotógrafo e pesquisador Boris Kassoy, inaugurada, junto com o lançamento do livro do mesmo título, na primeira semana de dezembro, na galeria de fotografia da Funarte, no Rio. Tratando em seu trabalho a fotografia como documento histórico, Boris Kassoy faz por meio de reproduções fotográficas, "uma amostragem significativa dos assuntos registrados no Brasil do século XIX, desde o diploma de maçonaria e os rótulos de farmácia, passando pelo retrato dos diferentes tipos humanos do Império, da cidade e da selva; pelo registro da arquitetura da paisagem, da expedição comercial e científica, de atividades militares, até o momento em que a imagem fotográfica passa a ser multiplicada através das primeiras publicações impressas ilustradas. Kassoy é o atual diretor do Museu da Imagem e do Som de São Paulo e este é seu terceiro livro sobre o tema.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Tablóide
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31/12/1980

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