18 anos à procura de uma sede fixa
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 29 de maio de 1987
A primeira sede do Museu da Imagem e do Som foi uma pequena sala na Biblioteca Pública do Paraná. Criada por iniciativa da professora Nancy Westphalen Corrêa, quando diretora da Biblioteca Pública do Paraná e inaugurada em 25 de março de 1969, quando o então presidente Arthur da Costa e Silva veio ao Paraná, o MIS nasceu numa época em que o bom exemplo do MIS-Rio de Janeiro estimulava a formação de unidades semelhantes em vários estados.
Modestamente, o MIS-PR funcionou na Biblioteca por alguns anos, ali sendo feitos os primeiros depoimentos históricos, não só de paranaenses, mas também de personalidades artísticas e culturais que por ali passaram. Por exemplo, o único longo depoimento que a escritora Clarice Lispector (1925-1977) deu em sua vida, foi registrado para o MIS-PR, que inclusive cedeu cópias do mesmo até para instituições culturais no exterior.
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Quando o Museu de Arte Contemporânea conseguiu, graças à energia e iniciativa de seu diretor Fernando Velloso, ocupar o antigo prédio da Secretaria do Trabalho e Assistência Social, na Rua Westphalen/praça Zacarias, uma parte do imóvel, nos fundos, foi cedida ao MIS. Ali, mesmo sem condições ideais, o Museu funcionaria até 1982, quando após o jornalista Reynaldo Jardim (hoje presidente da Fundação Cultural do Distrito Federal) ter sido o último diretor na administração do secretário Luiz Roberto Soares, o mesmo foi desativado. Antes de Jardim, o MIS teve uma boa fase de atividades, dirigido por Marcelo Marchioro (deslocado para a direção artística da Fundação Teatro Guaíra) e César Fonseca, que, mesmo com as precárias condições técnicas e de espaço, desenvolveram o setor de exposições, produções de filmes e audiovisuais e, especialmente gravações de depoimentos.
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Com a desativação do MIS, no final do Governo Ney Braga, quem se beneficiou foi o Museu de Arte Contemporânea, que ampliou suas instalações para a área que o mesmo ocupava. Uma outra parte do prédio já estava usada, desde que o MAC ali se instalou, pela Associação Saza Lattes.
Na administração José Richa, o MIS voltou a ser instalado - inicialmente em algumas salas da Secretaria da Cultura e depois num imóvel alugado na Rua XV de Novembro. Dali saiu para a Rua Martim Afonso, 280, que se julgava seria sua sede definitiva. mais uma vez, seu destino era de enfrentar problemas de espaço e instalações técnicas. Agora, se espera que ganhe ao menos uma sede condigna e deixe de ser aquela unidade que Fernando Velloso, tão bom trocadilhista quanto artista plástico, chama de "Museu da Imaginação".
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