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Aramis

Audálio o repórter

Em dois anos de presidência do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, Audálio Dantas transformou-se num líder nacional. Equilibrado, de amplo diálogo, buscando o entendimento e a compreensão, Audálio tem conseguido vencer as mais difíceis crise e, principalmente graças ao seu comportamento admirável, evitou problemas maiores. Embora absorvido pelas difíceis funções sindicais, Audálio, alagoano de Tanque D'Arca, 48 anos, 27 de jornalismo, não abandonou a profissão. Antes de tudo um repórter, já passou pelas redações dos maiores jornais e revistas, marcando sua carreira principalmente nas fases de ouro das revistas "O Cruzeiro" (1959-1965) e "Realidade" (1969/74), onde publicou grandes reportagens. Agora, dentro da linha de prestigiamento dos autores brasileiros e nos interesses de valorizar o jornalismo em livros, a Símbolo está lançando uma série de coletâneas de reportagens de alguns profissionais. E Audálio Dantas não poderia deixar de estar entre eles. "O Circo do Desespero" (144 páginas, capa de Elifas Andreato) reúne 12 reportagens de Audálio Dantas, publicadas em diversos veículos. Em todas o estilo objetivo, sincero e contundente onde, sem deixar de ser antes de tudo um repórter, Audálio mostra também a sua vocação literária. Ricardo Kotscho, chefe de reportagem de "O Estado de São Paulo", no prefácio, chama atenção para muitos aspectos que fazem desta coletânea uma obra atual e necessária de ser (re)lida. Diz Kotscho, "taí, sem perdão, o brutal contraste com o jornalismo bem comportado, oficialesco e fútil dos dias atuais, em que para ser personagem digno de ser impresso, o cidadão tem que ocupar necessariamente um cargo público do primeiro escalão, se não for jogador de futebol, grã-fino colunável ou artista de televisão". Audálio é, ainda lembrando Kotscho, daqueles poucos profissionais capazes de entender o conjunto, sem arrotar erudição, sabendo das coisas para poder contar, provando que o importante não precisa, necessariamente, ser chato. Audálio por mais complexo que seja o assunto, nunca esquece que o fundamental é o ser humano, razão maior de tudo, aquele que é causa ou aquele que sofre as conseqüências. Um País, uma doença, um prédio ou uma entidade - o homem está sempre no centro das suas histórias, não porque o autor queira, mas porque ele realmente está, assim é, por mais que se procure camuflar os fatos. Audálio dedica o seu livro a todos os repórteres que insistem em perguntar e ao Zé Dantas, seu filho e amigo com um recado: "o povo: Zé, é quem tem as respostas para todas as perguntas". Como epígrafe, Audálio cita a resposta dada pelo veterano repórter Acácio Ramos, da "Folha de São Paulo", a um figurão irritado diante de sua insistência em obter informações. - Repórter, meu senhor, é uma pessoa que pergunta.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
06/01/1977

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