Bruce, da tela para a música
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de outubro de 1990
Assim como muitos cantores chegaram ao cinema - catipultuados [catapultados] por seu sucesso musical, há também vários atores que, estimulados pelo êxito nas telas também se arriscam a cometer gravações. Um dos mais recentes exemplos é Bruce Willis, conhecido pela série "A Gata e o Rato" mas que também vem fazendo longas de sucesso como "Duro de Matar", com sua segunda parte já estreando. Quem quiser conhecer como é Bruce Willis cantor pode ouvi-lo agora num lp "If It Doesn't Kill You, It Just Makes You Stronger" - seu segundo álbum mas o primeiro a chegar ao Brasil (RGA/Ariste/Ariola). No primeiro disco ("The Return of Bruno", Motown) trouxe dois hits "Under the Boardwlak" e "Respect Yourself" que lhe valeram até um disco de ouro. Agora, apostou numa balada romântica, regravada com algum embalo - "Save the Dance for Me". Nos acompanhamentos está o guitarrista Albino Johnny Winter, há anos desaparecido. Cinco das músicas são do próprio Bruce.
Aos 55 anos, Johnny Mathis não muda. Continua o mesmo cantor romântico, com voz aveludada e que ao longo destes últimos 30 anos tem gravado músicas de fácil degustação e emplacado muitos discos de ouro. Já teve fases mais felizes - quando era escolhido para gravar temas de filmes notáveis como "Wild is Wind" ou mesmo "Tender is the Night". Sua caixa caiu há tempos, aceitando até vir cantar num baile de debutantes no Curitibano, o que, afinal, pode ter tornado aquela noite inesquecível para as virgens (da época) que ali debutavam, mas que pouco acrescentou ao seu curriculum. "In the Still of the Night" (CBS, 1990) não foge do esquema habitual: arranjos melosos, músicos corretos e um repertório atualizado - o que é um mérito. Assim, Mathis traz canções como "It's All In the Game", "Since I Feel For You" e "True Lowe Ways" que se ajustam ao seu repertório. Para os fãs acima dos 40 anos, mais um item a ser acrescentado a imensa discografia do cinquentão Mr. Mathis.
Ray Charles (Robinson), que chega agora aos 60 anos, ao contrário de Johnny Mathis, é um artista que tem uma carreira bem mais ampla. Como jazzista - excelente pianista e cantor - pode ser apreciado ainda num recente álbum editado pela WEA, com matrizes da MCA. Já a RGE, gravadora que infelizmente passa meses sem divulgar regionalmente seus lançamentos, colocou nas lojas há algum tempo uma seleção de canções na linha Country e Western gravadas por Ray Charles. A mesma voz segura, redonda, valoriza composições como "Hey Good Lookin" de Hank Williams, "Criyng Time" de Buck Owens, "Oh, Lonesome Me" de Don Gobson, "Someday" de J. Hodges e "I Love You So Much It Hurts".
Barry White está de volta. Como diz o título do lp pela Polygram ("The Man Is Back"), retorna este crioulo de voz grave que marcou a disco-music e projetou baladas sensuais. Há três anos, Barry já havia gravado o álbum "The Right Night". Mas é neste "The Man Is Back" que veremos sua praia, com músicas dançantes e baladas românticas - como "Responsable", "Super Lover", "Wanna Do It Good To Ya". Baladas mais tradicionais ocupam boa parte do disco - no qual ele se voltou também a tentar atingir uma faixa jovem. Entre estas, "When Will I See You Again", "It's Getting Harder All The Time", "Don't Let Go" e fechando o disco uma recriação do clássico "Good Night My Love". Até uma homenagem a sua cidade Natal está no álbum - "L. A. My Kind Place" (anteriormente, Sinatra tentou também enaltecer aquela cidade em "L. A. Is My Lady", mas a música não pegou). Ecologicamente, White faz seu protesto musical ao derramamento de óleo no Alaska em "Follow The and See (Shere it Leads) Y'All).
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