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Aramis

Canto feminino (1)

Num mesmo suplemento (maio/77), a Odeon presenteia os apreciadores da melhor MPB com a apresentação de quatro dos maiores talentos femininos deste nosso. País: Claudete Soares, Márcia Dóris Monteiro e Rosinha de Valença - nomes que falam por si mesmo. Como o melhor vinho, Dóris (Adelina) Monteiro, 43 anos, 26 de carreira (começou em 1951, cantando na Rádio Guanabara e fez seu primeiro disco, com "Se Você se Importa", na Todamérica) é daquelas cantoras cada vez mais coerentes. Aos longos de toda uma carreira com músicas da maior dignidade - equilibrando o comercial ao artístico - Dóris tem um público fiel, na faixa dos 35/50 anos, que por certo garantirá a boa vendagem deste seu novo LP ("Agora", SMOFB 3933), produção do violinista João de Aquino, com a participação de quase 50 excelentes instrumentistas e um repertório escolhido cuidadosamente, com músicas novas como "Maita" (Giovanna), "Flauta de Lata" (Sueli/Cacaso), "Partida" (João de Aquino-Paulo César Pinheiro), "Dia de Feira (João de Aquino-Jesus Rocha), "Eu, Hein, Rosal" (João Nogueira-Paulo César Pinheiro), "Choro de Nada" (Eduardo Souto Neto-Geraldo Eduardo Carneiro) e "Pra Não Padecer" (Dafé-Vandenberg). Há clássicos do repertório de Dóris - como Ä Banca do Distinto" (Billy Blanco), um tema em sua homenagem, além da interpretação definitiva dada a uma das mais belas músicas do pianista João Donato - "Lugar Comum", letra de Gilberto Gil. Como Dóris, Também Claudete (Golbert) Soares, 40 anos (a serem completados no próximo dia 31 de outubro) está entre as mais seguras vocalistas brasileiras. Iniciando no "Papel Carbono", aos 10 anos, Claudete foi a "Princesinha do Baião", passou pela fase do samba-canção, integrou-se à Bossa Nova e hoje é uma nossas grandes intérpretes românticas. Intercalando seus elepês-solos, encontrou no pianista-cantor Dick Farney (Farnésio Dutra e Silva, 56 anos, 37 de carreira) um parceiro para uma nova série - "Tudo Isto é Amor"- cujo segundo volume está ainda melhor do que o primeiro lançado há menos de dois anos. Produzido pelo pianista e arranjador Júlio César Figueiredo, marido de Claudete, "Tudo Isto é Amor" é um disco romântico, com músicas já conhecidas - mas que nas vozes de Claudete e Dick são ouvidas com grande prazer: "Chuva" (Durval Ferreira-Pedro Camargo), "Nós" (Johnny Alf), "Demais" (Antônio Carlos Jobin-Aloysio de Oliveira), "Fim de Caso" (Dolores Duran), "Apelo"(Baden-Vinicius), "Nick Bar" (José Vasconcelos), "Preciso Aprender a Ser Só"(Marcos-Paulo Sérgio Valle), "Tomara" (Novelli-Paulo César Pinheiro-Maurício Tapajós) e "Amor em Paz"(Tom Vinícius). As duas faixas menos conhecidas são "Casualmente" (Bamerindus) e "Ela Foi Embora" (Oscar Belandi-Djalma Ferreira). Se Claudete e Dóris são nomes conhecidos nacionalmente desde que começaram suas carreiras, há quase 30 anos, a paulista Márcia teve que passar mais de uma década como anônima crooner na noite paulista até que, em 1967, defendendo "Eu e a Brisa", de Johnny Alf, no Festival de Música Popular, da TV Record, ganhou maior repercussão. E apesar de toda sua personalidade artística, estilo marcante, até hoje ainda não se tornou um nome maior, sendo admirada apenas pelos círculos mais bem informados da MPB, em que pese três marcantes elepês gravados na Philips, entre 1967/70. Por isso, deve-se chamar a atenção para "Ronda" (SMOFB 3929), um dos melhores discos de vocalistas da temporada, produção do violinista-compositor Eduardo Gudin, onde partindo da música-título, de Paulo Vanzolini, Márcia desfila um repertório do mais alto nível, com músicas de Gudin ("-Chorei", parceria de Mauro Duarte e Paulo Pinheiro), "Proezas do Coração"" , parceria com Roberto Roberti), Jóias de Nelson Cavaquinho-Guilherme de Brito ("Mesa Farta") e Cartola ("Cordas de Aço"), além de regravações que adquirem, em sua voz, um sentido todo especial como o belíssimo samba "Avenida Fechada" (Elton Medeiros-Cristóvão Bastos-Antonio Valente), "Outra Você Não me Faz" Yvone Lara), "Máscara" (Francis Hime-Ruy Guerra), "Zé Mineiro"(Theo de Barros), "Valsa Maldita"(Guinga-Paulo César Pinheiro) e "Eterno Retorno" (Vinícius de Moraes-Vicente Barreto). Rosinha de Valença é violonista e não cantora. Apesar disso, desde o seu primeiro LP ("Apresentando Rosinha de Valença", Elenco ME-16, 1964), ela alterna, muitas vezes, o seu virtuosismo instrumental a vocalização de algumas músicas. Para esta fluminense - Rosa Canelas, 36 anos, que incorporou ao seu nome artístico o nome de sua cidade, cançada por Aloysio de Oliveira em show na boate "Au Bom Gourmet", no Rio em setembro/63, o violão é a extensão natural de suas mãos e nestes últimos 14 anos, tem percorrido muitos países - longas excursões nos EUA e Europa, discos em diferentes fábricas, procurando sempre valorizar os instrumentistas. Produzidas por Martinho da Vila - cujo grupo tem acompanhado, eventualmente, o novo LP de Rosinha (SNOFB 3920), mostra também seus méritos de compositora, como inspiradas músicas como "Os Grilos São Astros", "Meus Zelos" , "Madrinha Lua", "Usina de Prata", "Vila de Santa Teresa", Rosinha também utilizou temas de domínio público - como "Cabocla Jurema Xangô", um clássico de Pedro de Sá Pereira-Ary Pavão ("Chuá Chuá"), gravou músicas de Hamilton Costa ("Paisagem"), Sueli Costa ("Movimento da Vila") e, em "Pedacinho do Céu" (Waldir Azevedo-Miguel Lima), mostra toda a sua força de violonista - sem dúvida uma das melhores não só do Brasil, mas do mundo. Ao lado de nomes conhecidos, é revigorante também ouvir um novo talento: uma cantora lançada pela Copacabana num LP intitulado "Simplismente... Fernanda" (COLP 12079, maio/77), voz suave, afinada, equilibrada, capaz de valorizar até músicas de Wando ("Quero Querer Meu Bem") e Benito Di Paula ("-Quando Tudo Mudar", "Certeza de Você Voltar"). O produtor Santiago "Sam" Malnati, na nota de contracapa, fala bastante mas não diz nem sequer o sobrenome desta cantora que descobriu "num clube em São Paulo" e que, bem trabalhada/produzida, pode se tornar um sucesso nacional. Os arranjos suaves e equilibrados e, principalmente, a voz deliciosa de Fernanda fazem este LP merecer ser ouvido, em especial as faixas "Esta Noite Serenou" (Hervê Cordovil), "Sacudir o Pó" (Anastácia) e "Que Será"(Marino Pinto-Mário Rossi). Outras faixas: "Tá Aí"(Clayton), "Ora Bolas" (Nonato Buzar), "Samba Colorido" (David Duarte), "Virou Lágrimas" (Luís Vagner), "Sem Bossa" (Messias), "Pousada" (Belisário-Braulio de Castro). FOTO LEGENDA- Márcia Ronda FOTO LEGENDA1- Sinha de (") FOTO LEGENDA2- Dick & Claudette Tudo Isto é Amor vol. 2 FOTO LEGENDA3- Dionne Warwick only love can break a heart
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
19/06/1977

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