Carlos Alberto
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de setembro de 1976
Ao lado do bolero clássico, das criações do mais alto nível melódico, como os de Roberto Cantoral, Agustin Lara ou Armando Manzanero, para citar apenas três exemplos representativos, existe o bolero aculturado ao consumo do grande público brasileiro, uma parcela influente no mercado consumidor de discos, o que estimula carreiras de dezenas de intérpretes e faz com que mesmo gravadoras sofisticadas, como a multinacional Phonogram ou a nova Sigla/ Som Livre, dediquem atenção ao gênero. A Sigla, por exemplo, chegou a criar um selo para vazão aos contratados destinados a esta faixa, como Carlos Alberto, que com o elepê de estréia na Sigla ("Meia Hora de Amor", Soma, 409.6012, agosto/76), completa nada menos do que 21 longa-durações. Mineiro da nascimento, uma longa carreira de cantor de boleros, Carlos Alberto tem que ser visto e entendido dentro deste gênero, dedicando-se a parcela menos exigente do público, capaz de identificar-se com a música de Nuno Soares que dá título ao elepê ou a " Quantos Degraus" Francisco Macanbira - Gilson Soares. Entretanto, o produtor Clovis Mello, soube dosar as faixas de concessão total a cafonice, com o aproveitamento da voz de Carlos Alberto para a gravação de músicas de qualidade - e que nada tem a ver com o bolero, embora a interpretação seja neste ritmo: é o caso de " Eu Preciso Aprender a Ser Só" (Marcos/ Paulo Sérgio Valle), " Silêncio" (Alcebiades Barcellos/ Armando Marçal) e " Cadeira Vazia" (Lupicinio Rodrigues). O curitibano Azevedo, que em dupla com Campos também fez um elepê na Soma/ Som Livre (" O Filho que Volta") aparece como autor de uma faixa: " Quem é Você". As demais músicas gravadas por Carlos Alberto são " Que é que Vai", " Adeus Só Se Diz Uma Vez" e " Sofrimento de Amor é Bom" de Nuno Soares; " A Porta" (La Puerta, de Luiz Demétrio), " Deixa que eu te Ame" do produtor do elepê Clovis Mello e até " Apogeu", de Herivelto Martins - Cícero Nunes.
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