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Aramis

Uma justa homenagem ao grande Lupicínio

A exemplo da Sigla, que faz de montagens de fonogramas a receita certa para garantir um ótimo faturamento, a EMI/Odeon também está adotando esta forma. Afinal, nestes dias de crise, é a opção: a produção fica por custo mínimo e pode ser oferecido ao mercado com preços especiais. De pacote de discos-montagens, o mais importante é o produzido por Francisco Rodrigues em homenagem a Lupicínio Rodrigues (1914-1974). Exemplarmente produzido, uma escolha perfeita do repertório do maior dos compositores gaúchos, bela capa criada por Neusa Costa e um ótimo texto de contracapa elaborado pelo jornalista Juarez Fonseca, pesquisador e crítico musical, editor de cultura da "Zero Hora" - e que prepara há tempos um livro sobre a música do Rio Grande do Sul. O repertório, com 13 faixas, dá bem uma dimensão do talento de Lupicínio, o grande compositor dos sentimentos humanos. Paulinho da Viola ("Nervos de Aço"), Beth Carvalho ("Nunca"), Elza Soares ("Se Acaso Você Chegasse" e "Cadeira Vazia"), Altemar Dutra ("Quem Há de Dizer"), Dalva de Oliveira ("Há um Adeus" e "Aves Daninhas"), Isaura Garcia ("Vingança"), Marisa ("Um Favor"), Jamelão ("Ela Disse-me Assim/Vá Embora"), Paulo Diniz ("Felicidade"), Francisco Alves ("Esses Moços") e Orlando Silva ("Braza"). xxx Outra excelente montagem produzida pelo mesmo Francisco Rodrigues é o álbum "Os Maiores Sambas-enredos de Todos os Tempos". Mesmo a idéia não sendo nova - na Polygram, anos atrás, já houve produções reunindo os sambas-enredo de maior destaque - não deixa de ser uma produção cuidadosa, com bela capa de Jô Oliveira. A seleção é das mais expressivas: Elza Soares ("O Mundo Encantado de Monteiro Lobato", "Lendas do Abaeté", "Bahia de Todos os Deuses"), João Nogueira ("Heróis da Liberdade"), Clara Nunes ("Macunaíma", "Seca do Nordeste", "Ily Ayê", "Festa para um Rei Negro / Pega no Ganzê"), Paulinho da Viola ("Lapa em Três Tempos"), Roberto Ribeiro ("Alô, Alô! Taí Carmen Miranda", "Brasil, Berço dos Imigrantes"), conjunto Nosso Samba ("O Amanhã" e "Yá Yá do Cais Dourado"). xxx Já para uma linha mais popular, reunindo sucessos descartáveis, "Paradão de Sucessos", não tem o mesmo nível dos álbuns-montagens anteriores. Desfilam: Os Paralamas do Sucesso ("Perplexo"), Elymar Santos ("Mal de Amor"), Mara ("Liga para Mim"), Os Abelhudos ("Ao Mestre, com Carinho"), Rita Lee e Roberto de Carvalho ("Livre Outra Vez"), Skova e a Máfia ("Atropelamento e Fuga"), Legião Urbana ("Há Tempos"), Kiko Zambianchi ("Hey Jude"), Buana 4 ("Eu só Quero Ser Feliz"), Yahoo ("Anjo"), Marisa Monte ("Bem que se Quis") e Os Cascavalletes ("Nega Bom-Bom"). Também na linha comercial, só que desta vez usando fonogramas internacionais, duas outras produções: "Diet Pan", em colaboração com a Rádio Jovem Pan de São Paulo (e que tem um original trabalho gráfico do curitibano Jejo Cornelsen, na capa) e "Saudade", promovido pela Rádio Cidade FM. Estes dois discos, ao lado de seu aspecto descartável de sucessos trimestrais, mostram também a colonização cultural das principais FMs/AMs brasileiras, que tanto se voltam aos sucessos internacionais. Artistas como Paula Abdul, Nenh Cherry, Cliff Richard, Boy George, David Bowie, Kate Bush, Kim Carnes, Sheena Easton, Bob Seeger, Kenny Rogers, os grupos Heart, Duran Duran, The J. Geils Band, etc., estão nas faixas destes dois álbuns caça-níqueis, para um consumo rapidíssimo. LEGENDA FOTO - O curitibano Jejo Cornelsen criou esta capa para um disco reunindo sucessos internacionais ("Diet Pan"), lançado pela Odeon.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
25
15/04/1990

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