Folclore Político
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de setembro de 1976
Enquanto Minas Gerais forneceu nada menos que 70 deliciosas estórias para o segundo volume do " Folclore Político" do jornalista (e ex-deputado) baiano Sebastião Nery, o Paraná comparece apenas com 10 estórias, no bem humorado livro recém-lançado pela Record. Eis algumas.
Leonidas Bório, presidente do IBC, e Alex Beltrão, assessor do IBC, foram à Guatemala. Recebidos pelo presidente da República, Borio falou seu português do Norte do Paraná. Alex preferiu falar espanhol. O presidente ficou curioso:
- Dr. Bório, os senhores não são da mesma região?
-Somos, sim. Do Paraná, no Sul do Brasil. Por quê?
-Porque o português do senhor eu compreendo muito bem. Mas o do Dr. Alex não consigo entender.
Moisés Lupion era governador, José Lupion, seu irmão, estava fazendo loucuras numa diretoria do Estado. O atual senador Accioly Filho, líder de Lupion na Assembléia, foi a ele e exigiu a demissão do irmão. Lupion desconversou e foi adiando o problema.
Uma tarde, Accioly chamou a imprensa e informou que o governador havia decidido demitir o irmão, diante das irregularidades. No dia seguinte, a notícia nos jornais, Lupion não teve outra saída. Demitiu mesmo. E Accioly continuou líder.
O interventor Manuel Ribas conhecia todo mundo no Estado. De nome e de apelido. O juíz Oscar de Carvalho e Silva estava batendo papo com amigos na Rua Quinze, centro de Curitiba.. O carro do interventor parou, saltou Manuel Ribas:
- O senhor não é o Oscar Vaquinha de Deus?
- Sou, sim senhor.
- E o que é que está fazendo aqui, se não está de férias nem de licença? Volte já para sua comarca, doutor Vaquinha de Deus, que eu não gosto de curral vazio.
Pedro Liberty, vendedor de loteria, elegeu-se deputado estadual pelo PTB. Foi à tribuna fazer um discurso contra o prefeito de Curitiba:
- As ruas estão emburacadas, sem luz, e, à noite, os cachorros soltos, numa latitude que não deixa ninguém dormir.
Antonio Constâncio de Souza, deputado pelo PSP, pediu um aparte a Armando Queiroz, líder de Ney Braga na Assembléia.
- Não dou aparte não, V. Excia. Não está à altura de participar dos debates.
- Estou, sim. Por que não?
- V. Excia. Não é capaz de citar uma palavra com 3 x
- Sou, sim, Xaxixo.
Queria dizer Salsicha.
Guataçara Borba Carneiro, líder do PSD, foi presidente da Assembléia e depois governador do Estado. Uma tarde, na tribuna, o deputado Oscar Lopes Munhoz o criticava porque nomeara o filho funcionário da Assembléia. Lá de cima da presidência, vesgo, olhando para o lado errado, Guataçara tocou a campainha:
- O que é que V. Excia. Queria? Que eu nomeasse o seu?
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