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Aramis

Cinco estréias trazem boas opções ao público

Uma semana com cinco estréias - entre as quais uma das mais aguardadas ("Bom Dia, Babilônia", dos irmãos Taviani, Cine Groff) é sempre estimulante. Outros filmes interessantes continuam em cartaz, embora o público, mais uma vez, não tenha correspondido nas expectativas do excelente "O Turista Acidental", de Leonard Kasdan, substituído por um thrilling interessante, mas que chega tão obscurecido que também pode fracassar: "Morto ao Chegar" (D.O.A.), da dupla Rocky Morton e Annabel Jenkel (Astor). Um lançamento nacional - "O Mistério no Colégio Brasil", de José Frazão, substituiu a "Indiana Jones e a Última Cruzada", no Condor - mas o filme de Spielberg continua em cartaz, só que agora no Lido I, e com isto, "A Princesa Xuxa e os Trapalhões" subiu para as sessões vespertinas do Lido II, onde, à noite, continua em cartaz o intragável "Os Espertinhos" (The Expert), de Dave Thomas - mediocridade do início ao final, melancólico final de carreira de John Travolta, que se auto-satiriza, inclusive, em seu filme-lançamento ("Os Embalos de Sábado à Noite", 1977). Apesar da péssima renda, o ótimo "Festa", de Ugo Giorgetti - melhor filme em Gramado-89 - continua no Luz, assim como o reprise do belo filme "A Dança dos Bonecos", de Helvécio Ratton, no Guarani. Colégio Brasil - José Frazão começou a fazer cinema na Bahia, onde após alguns curtas ("Margens Plácidas", "Ensaio Geral"), estreou com "J. S. Brown - O Último Herói", inspirado em histórias em quadrinhos, mas que praticamente permanece inédito desde sua conclusão (1978). Há dois anos, Frazão decidiu partir para aquilo que chama de "produto de mercado, um filme bem realizado, pronto para alimentar um mercado que a cada dia exige mais e mais produtos novos" (sic). Assim é que encomendou a Eduardo Garcia e Yaya Wurch um roteiro sobre jovens, intriga policial e muita música, contratou um elenco de nomes capazes de chegar a juventude e fez um "produto de consumo" que conseguiu até convencer a UIP a programar em suas salas, como o Condor em Curitiba. A trilha sonora é de David Tygel e Carlos Beni em elepê pela Eldorado, lançada há alguns meses, a fotografia é de Antônio Luiz Soares e a montagem de Ana Maria Diniz. O filme procura lançar uma nova geração de intérpretes: André Barros (que já havia aparecido em "Um Trem para as Estrelas"), Silvia Buarque (filha de Marieta Severo, também no elenco, e Chico), a sensual Daniele Daumerie (que já apareceu em "As 7 Vampiras", "Banana Split" e está no elenco de "Amor Vagabundo", que Hugo Carvana tenta concluir há dois anos), Beth Goulart (mais conhecida por seus trabalhos na televisão e teatro) e Paulo Moska (também vindo de teatro, mas que apareceu em "A Cor do seu Destino", "Um Trem para as Estrelas" e "Quarup". Nos personagens "adultos" estão Carlos Augusto Strazzer (que teve até hoje sua melhor atuação em "Com Licença, Eu Vou à Luta", de Lui Farias), José de Abreu, Othon Bastos e Marieta Severo. Estrelas Anônimas - Dois lançamentos correm o risco de fracassarem por chegarem sem qualquer promoção maior. No São João, "Do Sussurro ao Grito" (From a Whisper to a Scream), de Jeff Burr, com dois veteranos - Vincent Price e Cameron Mitchel; no Astor, "Morto ao Chegar" (D.O.A.), produção recente (88), que parece ser um thrilling dos mais interessantes: Dex Comel (Dennis Quaid, visto em filmes como "Sob Suspeita" e "Ajuste de Contas") é um professor universitário, charmoso para seus alunos, um escritor que fez sucesso com o primeiro livro mas que entrou em crise. O filme começa na véspera de Natal: sua esposa o abandona, um aluno morre em circunstâncias misteriosas e o próprio Dex descobre que foi envenenado. Como não há antídoto para o seu caso, se lança numa corrida contra o tempo, tentando identificar o assassino. Uma história densa e dramática, que há 40 anos já havia sido filmado por Rudoph Maté (1894-1964) - "Com as Horas Contadas" (D.O.A.), com Edmundo O'Brien no personagem que agora Dennis Quaid interpreta. Há 20 anos houve outra versão, para a televisão, mas segundo o crítico Luiz Carlos Merten, esta é a melhor, revelando os diretores Morton e Annabel, que trabalharam juntos em design computadorizado e chegam agora ao longa-metragem. No elenco, duas atrizes fascinantes - Meg Ryan e Charlotte Rampling. Um filme de verificação obrigatória. Outras opções - Não se pode esperar muito de "Sem Licença para Dirigir" (License to Drive), de Greg Beeman, com dois atores com o mesmo prenome - Corey Haim e Corey Feldman. No elenco, outros new faces - Carol Kane, Richard Hasur e Heather Graham, numa comédia sobre as confusões de um jovem sem habilitação e que precisa do carro do pai para suas aventuras sexuais. "As Aventuras do Barão Munchausen", de Terry Thomas, superprodução com notáveis efeitos especiais, continua no Bristol. Felizmente, como uma opção para não só a garotada (que está voltando às aulas) mas também para os adultos. "A Princesa Xuxa e os Trapalhões" resiste no Lido II e Cinema I, que à noite reprisa "O Predador", com o halterofilista Arnold Schwarzenegger. "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos", o cult-kitsch filme do espanhol Pedro Almodóvar, com a excelente Carmen Meura, continua no Ritz. O desenho "Pinócchio" tem exibição domingo pela manhã no Luz e o Groff, em pré-estréia, amanhã à noite e domingo, às 10h30, apresenta uma comédia deliciosa, "Homens", da alemã Doris Dorris - melhor bilheteria na Europa em 1987 - e que chegou em vídeo e em tela ampla. LEGENDA FOTO - Beth Goulart e José Abreu em "Mistério no Colégio Brasil".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
8
04/08/1989

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