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Aramis

Cinema

A propósito da estréia de << Lua de Papel (cine Lido a partir de hoje) vamos a mais um teatro do depoimentos de Peter Bogdanovich sobre as filmagens desta nostálgica e elogiada fita: << Os rapazes da cidade não ficam muito satisfeitos com a nossa presença, e uma série de escaramuças entre a equipe e alguns jovens se trava no salão rosa de Holiday Inn, mas nada de muito sério. Já ouvi de outras equipes de filmegem em situações semelhantes que alguns preocupados chegaram ao ponto de levar suas filhas adolescentes a hospitais psicológicos para que não se envolvessem mais intimamente com gente de cinema. O pior incidente que tivemos foi uma jovem ameaçando bater em outras duas de sua idade, caso << levassem para casa >>o rapaz da equipe com o qual ela estava flertando. Mesmo assim, quando deixamos a cidade, a marquise do Holiday Inn nos saudava: << Obrigado por terem ficado conosco. Adeus, Lua de Papel >>. << Muitos dos pequenos papeis da fita foram desempenhados por pessoas da cidade. E ele vêm às centenas, de milhas de distância, para tentar uma << ponta >> - mães, avós, solteironas, professoras, crianças, fazendeiros - muitos tendo alguma tênue ligação com o teatro, outros tendo feito o papel principal ou pequenos papeis no teatro da escola 20 anos antes >>. Lembro-me de em homem de 35 anos, que aparentava pelo menos 10 anos mais, submetendo-se apaixonadamente a testes para diversos papeis. Esse homem estiveram no Exercito e havia sido vendedor, mas sua lembrança mais querida era um importante papel que representara no ginásio, antes de falhar na tentativa de ingressar na universidade, antes de compreender que jamais seria o que desejava ser. Fez uma ponta excelente para nós e ficou circulando por ali na esperança de outra oportunidade. Era deprimente ver os rapazes chegarem a confessarem suas ambições, quando sabiamos que muitos deles terminariam como aquele amigo de 35 anos. Uma mulher de 27 anos - mãe de seis crianças e casada desde os 15 - fez um teste em Hays. Excessivamente nervosa, ela leu mal um papel de garçonete de duas linhas. Não conseguiu o papel e eu a via sempre rondando a nossa volta, observando. Numa seqüência, ela fez uma << ponta >>. Uma senhora magra, solteirona, que escreve contos de amor para revista, é testada para o papel de uma mãe de seis filhos, que acabara de enviuvar. Diante da câmara, ela se revela uma profissional perfeita e mais comovente do que muitas atrizes teriam sido. Uma garotinha tem servido de sósia para a atriz principal da fita (Tatum, foto, a filha de 9 anos de Ryan O`Neal). Fica sentada durante horas diante da câmara, enquanto as luzes são ajustadas. Rudemente, pedem-lhe para ficar imóvel e quieta e, quando a estrela aparece ela é afastada. Agora, depois de duas semanas desse tipo de trabalho, o pai da menina me preocupa, aperta timidamente minha mão e agradece por ter feito sua filha tão feliz.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
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30/03/1974

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