Cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de janeiro de 1973
Geraldo Mayrink, em lúcida análise de "Poderoso Chefão" (Cine Plaza) na Revista VEJA (20-9-72) lembrou que "The Godfather" é um documento em três vias: Violências, finanças e uma certa saudade dos bons tempos. Duas delas são velhas conhecidas da vida cinematográfica americana, a outra surgiu das necessidade do momento. Com a primeira, conquistou-se o oeste e combateram-se os gangsters gerando na tela dois magníficos gêneros de filmes. Com a segunda, foi possível manter os terrenos ganhos e expandir-se para outros. Com a última, enfim nasceram os exercícios suspirantes; quando nada mais havia a conquistar e o público escapava dos cinemas em proporções cada vez mais alarmantes. É um tripé exemplar: o público, segundo ensinam as experiências mais recentes, ama o passado, mesmo o passado que não viveu e conhece apenas de fotografias e discos de 78 r.p.m. A esta sedução antiga e romântica, além disso o milionário espetáculo da Paramount acrescentaria outras. É a história de uma família como tantas famílias: ela se comove com o casamento da filha, bebe e come massas numa grande mesa. É o retrato de um patriarca a caminho do túmulo como todos os patriatas a caminho do túmulo, envolvido numa aura de inexplicável melancolia. É uma epopéia de homens de negócios e, também, uma bela demonstração de amizade entre pessoas que se sentem ligadas a um mesmo destino. Acima de tudo é a mais recente coroação do trabalho de um ator, Marlon Brando (foto), a tal ponto caracteristico, que por alguns momentos fará voltar os tempos em que havia "filmes de Emil Jannings" e "filmes de paul Muni" e não filmes de diretores ou de estudos".
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