O surpreendente Chefão
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de novembro de 1975
Ensina a história do cinema que raras vezes a continuação de um filme tem bons resultados artísticos. Motivada sempre pelo êxito comercial de uma produção, sua continuidade perde o impacto e força da obra original. Assim, era natural que, ao se anunciar a segunda parte de "O Poderoso Chefão", depois do Oscar e dos milhões de dólares que o filme realizado em 1973 por Francis Ford Coppola havia obtido, nascesse um clima de descrença junto a faixa mais informada do público. Surpreendentemente, a 2ª parte da mafiosa estória da família Corleone é um filme inteligente, vigoroso, com altíssimo nível profissional - e que não perde nada em relação a "The Godfather" (part one). O fato do próprio Mario Puzo, autor do best-seller original, ter escrito a continuação, num trabalho em colaboração íntima com Coppola, garantiu uma perfeita integração dos personagens, inclusive no desenvolvimento de ações paralelas - com a história de Dom Vito Corleone, em sua infância na Sicilia e primeiros anos em Nova Iorque - interpretação que deu ao novato Roberto De Niro o Oscar de melhor coadjuvante, assim como o mesmo personagem, anteriormente, valeu o Oscar de melhor ator que Marlon Brando recusou na contestatória entrega dos troféus há 2 anos passados. Os diversos Oscars que "The Godfather Part II (hoje, cine Condor, último dia de exibição) recebeu, foram profissionalmente merecidos, mas os grandes destaques vão para a fotografia de Gordon Wils, em tons discretos e criando uma atmosfera camerística, introspectiva, e para a direção de arte de Angelo Graham e George Nelson. Fracassando em termos de público, em Curitiba (ao contrário do que ocorreu em outras praças), "O Poderoso Chefão - 2ª Parte" é um filme inteligente, bem realizado e que reafirma, como se preciso fosse, toda a admiração que Francis Ford Coppola merece, desde sua estréia, 12 anos passados, em "Meu Filho, Agora Você é Um Homem".
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