Oscar, ano 47
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de abril de 1975
Sem os recursos e esmero de produção que desde 1969 caracterizavam a festa de entrega dos Oscars com a mais sofisticada programação internacional da televisão, a 47ª entrega dos troféus da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (terça-feira, dia 8 das 23:00 às 1.30 horas da manhã) foi apenas um encontro de celebridades da cidade que um dia já foi definida de "A Usina dos Sonhos". Bob Hope, com suas piadas de circuito fechado (impossível a tradução de seu humor tipicamente americano) foi repetitivo na condução do espetáculo, que teve a presença de muitos nomes consagrados - dos quais o de maior Ibope continua, naturalmente, a ser Frank Sinatra. Ao contrário dos anos anteriores, em que as cincos músicas indicadas para o Oscar de melhor canção eram presenteadas por diferentes intérpretes, intercalando o espetáculo, este ano foram agrupadas em gritantes interpretações de Jack Jones, do envelhecido baladista de westerns Frankie Laine (de óculos e barba branca) e de Aretha Franklim. Apesar de bons vocalistas, os três cantores sozinhos ou em grupo, deram pálidas interpretações aos temas "Benji", "Wherever Love Takes Me" (do filme "Gold", a única já editada em lp no Brasil), "Blazing Saddles", "O Pequeno Príncipe" e "We May Never Love Again Like This"do filme "Inferno na Torre", que acabou sendo a premiada.
Afora as surpresas que constituíram as premiações dos desconhecidos Art Carney (por "Harry, o Amigo do Tonto") e Ellen Burstyn, (por "Alice Doesn't Live Here Anymore") com os melhores intérpretes de 74 a maioria dos Oscars foi dividida entre "O Poderoso Chefão-Segunda Parte" e "Inferno na Torre". Francis Ford Coppola recebeu dois Oscars: pelo roteiro e pela direção de "Godfather - Part II", vencendo cineastas como Roman Polanski (de "Chinatown" que estréia sábado no cine Condor) e o extraordinário John Cassavetes, elogiadíssimo por "A Woman Under The Influence", mas que com Orson Welles e Charles Chaplin, até hoje não teve chance na premiação da Academia.
Pela quarta vez um filme de Federico Felline foi escolhido como a melhor produção em língua estrangeira: "Amarcord", "O Grande Gatsby", melodrama inspirado em FILME. Scott Fitsgerald já visto pelos curitibanos, ganhou apenas dois Oscars: cenografia e trilha sonora adaptada (trabalho de Nelson Riddle). Para score musical original o troféu foi para Mino Rota, por seu trabalho em "Godfather - Part II". Ingrid Bergman, que em 1956 recebeu o Oscar de melhor atriz por "Anastacia" (de Anatole Litvak), além de ter feito a bonita homenagem ao cineasta francês Jean Renoir, 70 anos, muito elegante e não aparentando seus 60 bem vividos anos, recebeu o Oscar de melhor coadjuvante por sua atuação em "Assassinato no Expresso Oriente". Outro veterano, Fred Astaire, indicado para o Oscar de coadjuvante por sua atuação em "Inferno na Torre", perdeu para o estreante [Robert] de Niro (de "Poderoso Chefão") mas no final emocionado ganhou musical homenagem de Sammy Davis Junior. O terceiro homenageado da noite foi o diretor Howard Hawks, 79 anos, vigoroso e sem rugas, que ainda lembrou ao agradecer o troféu, de seu amigo John Ford, falecido há dois anos. Houve premiações para diversas outras categorias - desenhos, documentários (em longa-metragem, venceu "Hearts and Mind", sobre a guerra do Vietnã) mas estes nunca chegarão ao Brasil. Infelizmente.
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