Clínicos ao Piano
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de agosto de 1984
Mais quatro excelentes lançamentos de música erudita, com [virtuosos] do piano, estão na praça, dentro dos vigorosos suplementos que Polygram e Ariola trazem. De princípio, temos a consagrada Alícia de Larocha, acompanhada da Sinfônica de Viena (regida por Uri Segal) interpretando dois dos mais significativos concertos de Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791): os de números 19 e 22, escritos numa época particularmente feliz da tumultuada vida de Mozart (1784/85), quando, feliz e casado, via Viana correr para ouvir sua virtuosidade ao teclado. Assim encorajado, escreveu nada menos que oito concertos em treze meses. Nenhum é mais exuberante de felicidade do que o último concerto de 1784, o K-459 (no. 19), que em seus três movimentos ocupa o lado A desta gravação London/Polygram, gravada em Viena, há três anos, pelo processo Digital.
Radu Lupu, pianista romeno, ainda pouco famoso no Brasil - mas com uma carreira ascendente, é o intérprete de duas peças de Johannes Brahms (1833-1897) em outro primoroso lançamento da London/Polygram, também gravado em processo Digital, entre junho/julho de 1981. No lado A temos a Sonata em Fá Menor, pus 5, no.3, que Brahms concluiu em 1853. Juvenil e ardente, esta peça une muitos elementos aparentemente agrestes e disparatados. A sugestão de extravagância romântica é invariavelmente temperada por uma hábil arquitetura e notável coerência musical em um compositor que, na época, tinha apenas 20 anos de idade.
No lado B, em complemento, temos temas em variações em Ré menor - uma adaptação do Sexteto para cordas em Si bemol maior, opus18.
No pacote de 12 elepês da Melodia, que a Ariola lançou em julho no Brasil, há também preciosos momentos de clássicos ao piano, selecionados graças ao bom gosto e competência de Maurício Quadrio. É o caso do pianista Dmitri Alexeev, que a partir de 1969 começou a colecionar premiações internacionais (Marguerite Long-Jacques Thibaud; Paris; concurso George Unesco, Bucarest; vencedor do V Concurso Internacional Tchaikowsky, em Moscou, 1974 e, no ano seguinte o Concurso Internacional de Leeds, na Inglaterra). Um dos mais requisitados concertistas da Europa Oriental, pode ser admirado agora na interpretação do Concerto no. 2 em si maior, opus 100, de Alexandre Galsunov (São Petersburgo, 1/8/1854- Moscou, 21/3/1936), no qual acompanhado pela orquestra Rádio-Sinf6onica de Moscou, sob regência de Yuri Nikolaievsky, ocupa o lado 2.
No mesmo disco, com a mesma orquestra - mas - sob outro regente - Algis Zuraitis - podemos conhecer outro [virtuoso] do piano, Alexei Nassedkin (42 anos, interpretando o Concerto no. 1 em Fá Menor, opus 22, também de Glasunov. Filho de um motorista de taxi, Alexei - a exemplo de Dmitri Alexeev - vem fazendo carreira das mais brilhantes: medalha de ouro em 1959 no festival da Juventude Musical de Viena, um dos vencedores do II Concurso Internacional Tchaikowsky e, em 1966, o segundo lugar do concurso de Leeds, além de vencedor do maior prêmio do concurso Schubert, em Viena.
Em outro lançamento da Melodia/Ariola, temos oportunidade de conhecer Igor Zhukow (Gorki, 1936), como solista nos concertos em Fá Sustenido Menor e Fantasia em La Menor para piano e orquestra, de Alexandre Scriabin (1872-1915).
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