Cocteau e Ustinov na canção de Stravinsky
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de julho de 1990
Há quase 20 anos, quando Roberto Carlos já era um dos grandes vendedores de discos de seu elenco, a CBS fez uma experiência para ampliar sua popularidade: o colocou como narrador de "Pedro e o Lobo", numa adaptação da obra musical de Stravinsky. O disco permanecia até há pouco em catálogo, como um item diferente na obra do "Rei da Jovem Guarda", hoje quase cinqüentenário. A idéia de juntar vozes famosas a peças eruditas - como no caso da obra de Stravinsky para atingir a faixa infantil - não é novidade. Tanto não é que recentemente a mesma CBS lançou nos EUA uma "História do Soldado", com o roqueiro-ecologista Sting como o soldado e a superatriz Vanessa Redgrave como o diabo.
Em outubro de 1962, em Vevey, na Suíça, esta mesma peça que Igor Stravinsky (1881-1971) criou em 1918, foi gravada com uma orquestra dirigida por Igo Markevitch, reunindo para a leitura do texto de Charles Ferdinand Ramuz um elenco all star. De princípio, um dos mais notáveis cineastas e poetas franceses, Jean Cocteau (1889-1969), que conviveu com o próprio Stravinsky em seus anos dourados, nos quais fazia parte de uma roda em que freqüentavam, entre outros, nomes como Marcel Proust, Rostand, Modigliani, Daghilevi e Picasso.
Portanto, para um talento múltiplo (foi também escritor e pintor brilhante), gravar parte do texto de "Histoire du Soldat" foi apenas mais uma experiência em sua vida. O personagem "o diabo" foi entregue a outro nome notável, do cinema e teatro, o inglês Peter Ustimov, 69 anos. Jean-Marie Fertey é o soldado e Anne Tonietti a princesa, na narrativa da peça de Stravinsky, que, em sua parte musical, reuniu também um elenco all star, incluindo o trompetista Maurice André que, anos atrás, chegou a fazer um concerto em Curitiba, quando a Pró-Música existia ativamente.
Enviar novo comentário