Mais um pouco de Igor Stravinsky
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de junho de 1986
Pouco a pouco, a grande obra de Igor Stravinsky (1882-1971), reconhecidamente o mais importante (revolucionário?) compositor de nosso século, vem tendo edições regulares no Brasil. Ainda agora, como a Sociedade de Cultura Artística, de São Paulo, tinha contratado duas apresentações da Orquestra Sinfônica da Rádio de Berlin, regida pelo maestro Riccardo Chairlly, a Polygran animou-se a editar um belo álbum com quatro peças de Stravinsky.
Infelizmente, a temporada da Rádio-Symphonie-Orchestre de Berlim a América do Sul foi adiada - devido a problemas internos - mas isto faz com que se possa apreciar, nesta magnífica gravação (London/Polygran, digital), o virtuosismo de seus músicos, a beleza do coral (regência de Ernst Senff), em quatro peças marcantes de Stravinsky. Uma delas, "Fogos de Artifício" foi composta por Stravinsky quando tinha apenas 26 anos, no início do verão de 1908. Uma brilhante peça para orquestra, mas de forma muito compacta e idéias pessoais, esta música turbilhonoa em semicolcheias, "envolvendo e sustentando outras explosões e delícias".
Logo depois, Stravinsky começou a trabalhar na sua curta ópera "O Rouxinol", baseada na estória de Hans Christian Andersen. Todavia, como resultado de sua parceria com Diaghilev, o trabalho foi interrompido em favor de três obras monumentais - "Pássaro de Fogo", "Petrushka" e "Sagração da Primavera" (1909-1913) - só sendo completado em 1914.
A evolução de Stravinsky durante estes anos foi rápida, mas não óbvia e desta forma resultaria "O Rei das Estrelas", obra que, entretanto, só viria a estrear em 1939. Já a "Sinfonia de Salmos" data de 1930, quando sua música tinha se tornado mais ordenada em cor e forma, sem perder, no entanto, sua individualidade.
Estas quatro obras de Stravinsky, na interpretação da Rádio-Symphonie-Orchestre de Berlim e coral, estão neste álbum precioso - enriquecido ainda com uma artística capa de Jean-Paul Veret-Lemarinie.
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