As idéias de Rosalind, a sexóloga curitibana
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de junho de 1986
Curitiba já tem a sua Marta Suplicy em termos de sexologia. Escreve artigos sobre educação sexual, há alguns meses chegou a participar de programas na TV Iguaçu e acaba de publicar um livro que tem merecido elogios e provocado algumas polêmicas: a psicóloga Rosalind B. Tockus.
Gaúcha de Rosário do Sul, há 15 anos residindo em Curitiba, formada pela Faculdade Tuiuti, turma de 1981, reuniu 34 textos, com linguagem simples, mas abordando assuntos sérios, em "Sexualidade Nos Dias de Hoje - O Sexo Sem Preconceitos" (Editora Agora, 112 páginas, Cz$ 51,00), cujo lançamento, sem maior promoção, ocorreu há duas semanas, durante a II Jornada de Sexualidade Humana, organizada pela própria Rosalind Tockus na Associação Médica do Paraná.
xxx
Casada com um executivo - Bernardo Tockus, diretor da joalheria Big-Ben, mãe de três filhos - Terdy, 23 anos; Mirian, 22 e Eliana, 16 - Rosalind Bronsfmann Tockus, divide seu dia entre a assessoria de psicologia do Juizado de Menores e um dos raros consultórios especializados em problemas sexuais, instalado no Centro Médico Batel. Foi a fundadora do Serviço de Aconselhamento Sexual no ambulatório de Ginecologia da Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná e tem participado ativamente no Conselho de Defesa dos Direitos Infanto-Juvenis. Em sua voz macia, suave, expõe teses interessantes, preocupada com a falta de informação sobre problemas sexuais. Apesar da liberação dos costumes, resume numa frase a situação:
- "A liberdade está mais na palavra do que nos atos!"
Em seus artigos reunidos em "Sexualidade Nos Dias de Hoje...", Rosalind Tockus, de maneira clara e objetiva, traça uma trajetória coerente para entendermos melhor a sexualidade humana. Levanta, por exemplo, questões que vão desde a necessidade da informação sexual, passando pelo histórico da sexualidade através dos tempos e chegando ao temor dos jovens - a impotência face a própria "agressividade" feminina em questões de amor. Discute a sexualidade na gravidez e das pessoas idosas e aborda outros tópicos: fantasias sexuais, homossexualidade, doenças, medicamentos e sexo; as inibições do desejo sexual, as disfunções sexuais tanto femininas como masculinas. No final, como boa psicóloga, procura mostrar a importância da terapia sexual e da comunicação sexual, incentivando a repensar os modelos sexuais para a construção de uma vida afetivo-sexual mais rica, criativa e saudável.
Explica Rosalind que procura sempre escrever de forma simples e acessível a todos, "para dar os esclarecimentos necessários sobre nossas reações sexuais, conscientes e inconscientes.
Preparando dois novos livros, modesta, admite que "como muitos profissionais" teve uma influência da paulista Martha Suplicy na decisão de colocar em artigos - e agora em livros - suas idéias sobre assuntos que, por décadas, eram tabus. Aliás, na introdução do seu livro, recorda:
- "Quando menina, achava estranho as pessoas esconderem-se pelos cantos para contar o que sentiam ou descobriam sobre a sua sexualidade.
Quando reunidas em grupos, os comentários eram feitos através de risadinhas maliciosas. Apesar de eu sentir que este não era um assunto normal, observava que atraía muito o interesse das pessoas.
Por que acontece isto? perguntava-me com meus botões. E saí atrás da resposta. Eu estava perto dos onze anos".
Começou procurando livros na biblioteca do seu colégio na pequena cidade de Rosário do Sul.
- "Levei para casa o primeiro livro que li sobre sexo, "Desvios Sexuais". Assim, começei a aprender sobre o que era anormal, antes de saber o que era normal, fato que deixou minha mãe preocupada, mas o que li não me traumatizou. E na minha ingenuidade de menina continuava a me perguntar: "Por que as pessoas gostam tanto de contar piadinhas sobre sexo?"
Só muitos anos depois - casada, filhos crescidos - Rosalind pode estudar psicologia. Especializou-se em sexologia e agora, na idade da razão, com equilíbrio, discute o assunto e expõe suas idéias. Merece ser mais conhecida, pois sem papas na língua, quer desfazer mitos e ajudar a que o máximo de pessoas tornem-se após compreenderem e decidirem melhor sobre o comportamento sexual.
Enviar novo comentário