A corrente do trânsito (e da boa vontade)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de outubro de 1975
Se existe uma coisa que ninguém mais dá importância é a chamada "corrente", ou seja, o sistema de enviar uma espécie de circular a uma dezena de amigos, que vai crescendo em progressão geométrica. O ridículo desta espécie de passatempo (numa época em pouca gente tem tempo livre) vai do pedido de dinheiro a coleções de flâmulas, de forma que, apesar das ameaças de morte, doenças e falências a quem interromper as correntes, a verdade é que ninguém esclarecido se dá ao trabalho de atender as solicitações. Agora, entretanto, aparece uma corrente que pelo seu sentido idealista e comunitário, merece colaboração para que [cresça] cada vez mais.
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Idealizado por um grupo de homens conhecidos da cidade - os empresários Pedro Stier e Arno Feliciano de Castilho, os médicos Francisco de Paula Soares Filho e Waldemar Monastier, entre outros, a corrente visa levar a toda a cidade uma mensagem de educação de trânsito. O texto inicia dizendo: "dizem que somos educados, gentis e prestativos! E somos mesmos, e Você também poderá prová-lo, principalmente no volante, ao dirigir seu automóvel. Experimente a sensação que terá, e o gesto de gratidão que receberá ao dar "a vez" ao outro motorista. Isto pode ser feito permitindo que o outro passe à sua frente, que manobre para estacionar, para sair do estacionamento, para ingressar na fila, que vire para a direita ou esquerda, quando permitido, e assim que sinalizar indicando a intenção de manobrar. Há tantas ocasiões em que Você pode demonstrar que é educado, gentil e prestativo, sem que prejudique seu tempo ou interesse. Em troca Você conquistará um novo amigo, que é a coisa mais preciosa que podemos adquirir".
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Assim, a mensagem termina com o pedido de que as intenções com que foi criada, pelo empresário Arno Feliciano de Castilho, em 7 de setembro último, seja enviada a dez outros amigos - "para formar uma corrente de criaturas de boa vontade". Para os que interromperem a corrente não há ameaças de mortes ou doenças, "mas se mantiver a corrente só coisas boas acontecerão".
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