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Aramis

Crianças encolhidas e mestre da música são boas estréias

Apesar de alguns filmes se manterem em cartaz, vindo ainda do final do ano passado - como "De Volta para o Futuro II" (Condor/Lido I), "Os Trapalhões na Terra dos Monstros" (Cines São João e Lido II, sessões da tarde) e "Os Caça Fantasmas II" (agora, em programa duplo, com "La Bamba", No Morgenau), começa a existir uma renovação na programação. Assim, no Astor, após "O Mistério do Abismo", estréia uma programação especial para a família: o primeiro desenho estrelado por Roger Rabbit e Baby Hermann ("Encrencas no Hospital") e uma comédia com toques de ficção-científica que deverá agradar a grandes e pequenos - "Querida, Encolhi as Crianças". Numa msotra de inteligência e prestigiamento aos bons filmes - que deveria servir de exemplo à "coordenadoria" (sic) de cinema da Fucucu - Aleixo Zonari relança no Cinema I o excelente "Pelle, o Conquistador", do dinamarquês Bille August - seguramente um dos dez melhores filmes do ano - no Cinema I. "O Urso" de Jean-Jacques Annaud ("Preto e Branco a Cores", "Guerra do Fogo" e "O Nome da Rosa") continua no Bristol, atraindo um público amplo - especialmente crianças. Só que são os pais que podem curtir melhor este filme sensível, inteligente e que valeu a Annaud o Cesar-88 (o Oscar do cinema europeu) como o melhor diretor. Enquanto "Aria", um filme em episódios, entra numa semana regular no Groff - o mais incômodo e descuidado dos cinemas de Curitiba (poltronas quebradas, banheiros imundos, etc.), outro filme de temática musical, o interessante "O Mestre da Música", produção belga, direção de Gerard Corbiau, estréia no Ritz. No Luz, inesperadamente, é relançado um clássico de Buñuel. "O Anjo Exterminador" - que mereceria melhor tratamento promocional. As Crianças que Encolheram - No final dos anos 50, "O Incrível Homem que Encolheu" foi um dos mais fascinantes science-fictions da época: devido à exposição aos rádios de uma explosão nuclear, um pacato americano começa a encolher e se transforma num microscópio ser ameaçado por animais domésticos e que acaba devorado por uma aranha. O filme se tornou cult e mereceu até refilmagem. A mesma temática - o encolhimento de seres humanos foi reaproveitado pelos roteiristas Ed Naha e Tom Schulman para um comédia produzida pelos estúdios Disney que marca a estréia na direção de Joe Johnson, que chega a esta função com uma ótima folha de serviços prestados na direção de arte para efeitos especiais do Industrial Light & Magic. E para um filme em que os efeitos especiais são fundamentais, nada melhor que alguém com muita experiência no setor. Evidentemente, que o tratamento dado a um tema fascinante como este é diverso do original de terror: o professor Wayne Szalinski (Rick Moranis, que apareceu em "Os Caça Fantasmas II" e já fez, entre outros filmes, "Club Paradise, recém-lançado em vídeo; "Trocando as Bolas" e "A Pequena Loja de Horrores") é um cientista frustrado. Seus vizinhos (Matt Frewer e Kristine Sutherland, filha do Doutor Donald) acham que ele é ligeiramente louco e sua esposa Diane (Marcia Strasman) está cansada de suas experiências. E uma de suas invenções - uma máquina para redução de objetos - acaba funcionando por engano e levando seus filhos Amy (Amy o'Neill) e Nick (Robert Olivieri), mais dois vizinhos, Ron (Jared Rushton) e Russ Thompson (Thomas Brown) a se transformarem em criaturas microscópicas. Resultado: começa um fantástica "viagem" no quintal da casa dos Szalinski, na qual o cascalho tem o tamanho de uma montanha, o cortador de gramas é um monstro e as formigas adquirem dimenssões sobrenaturais. Em tom bem humorado, não deixa de ser uma temática fascinante - o que deverá atrair não apenas o público infantil mas os pais que curtem SF. A fotografia é de Hiro Narita ("Zabriskie Point", "O Retorno de Jedi", "Indiana Jones", "A Insustentável Leveza do Ser", entre outros filmes do quais foi fotógrafo-assistente). Como "Uma Cilada para Roger Rabbit" trouxe dois novos heróis ao mundo dos cartoons, Disney retoma uma tradição que nos últimos anos havia abandonado: desenhos de 10 minutos, em complemento do programa e apresenta "Encrencas no Hospital" com os personagens Roger e Baby Herman. Um programa recomendável nestas férias. O Mestre da Música - Representando a Bélgica no V Festival Internacional de Cinema, Vídeo e Televisão do Rio de Janeiro (novembro/88), "O Mestre da Música" foi um dos prediletos do público. Nada demais. Afinal, este filme foi um dos grandes sucessos de bilheteria na Europa e onde quer que seja exibido atinge uma platéia especial, que curte a música lírica. Aficcionados por ópera, chegam a permanecer seis horas na sala para reverem duas a três vezes esta história ambientada no iníco do século, que inicia quando um famoso baixo-barítono, Joachim Dallayrac (José Van Dam) anuncia que está deixando, em definitivo, os palcos. Com sua companheira Estelle (Sylvie Fennec), ele se afasta com o objetivo de dedicar toda sua vida à formação de uma única discípula, Sophie (Annie Roussel). A jovem tem uma voz admirável, mas Joachim a quer perfeita e o treinamento será rigoroso, sem concessões. Por acaso, o mestre encontra e recolhe ao castelo em que vive um jovem vagabundo, Jean Nilson (Phillipe Volter), cuja voz é soberba. E ele decide transformá-lo num tenor. Estabelecem-se ligações entre os quatro personagens e, no final, há um confronto vocal com um outro jovem cantor, discípulo do príncipe Scotti (Patrick Bauchau) - misterioso personagem que, no ano anterior, transformara-se em inimigo mortal de Joachim. Uma trama bem costurada no roteiro seguro de Corbiau, Patrick Iratni, Jacqueline Pierreuz e Christian Watton, de uma idéia original de Luc Jabon e Gerard Corbiau, coloca a ação em belíssimos cenários e ao som de uma trilha sonora de Mahler, Verdi, Bellini, Mozart, Offenbach, Schubert e Schumann. Não foi sem razão que um dos mais fanáticos "operários" curitibanos, o cardiologista Hélio Germiniane - ao lado de sua esposa, a também apaixonada por música, Clotilde, tivessem asistido em São Paulo, três vezes o filme em apenas um dia. E agora, prometem bater o recorde: querem rever o filme por mais cinco vezes - além de já possuirem o vídeo, a trilha sonora - em CD e cassete, que Hélio não tira do stéreo de seu novo conversível importado - um Mercedes-Benz prateado recém-chegado da Alemanha. Outras Opções - Os fãs de Syvester Stallone podem lamber os beiços com sangue e baba de violência: Rambo retorna na pele de outro vingador, agora um ex-setenciado que enfrenta mil inimigos em "Condenação Brutal" (Lock Up), de John Flyn, em exibição no Plaza. No elenco, o correto ator Donald Shutherland mais John Amos, Derlanne Fluegel e Frank McRae. No Lido II, em sessões às 20/22h, retorna "Guerreiro Imortal" (HighLander), uma super produção, rodada na Escócia, direção de Russel Nulcanhu, com Christopher Lambert e Sean Connery. No distante Guarani, à noite, retorna "Olhos Negros" - filme de lágrimas com Marcelo Mastroianni que sempre agrada ao público que curte telenovelas. LEGENDA FOTO 1 - "Querida, Encolhi as Crianças": um tema de science-fiction tratado em ritmo de comédia Walt Disney. Em exibição no Astor, tendo como companheiro um cartoon de Roger Rabbit. LEGENDA FOTO 2 - Max von Sydow e Pelle Hevenegaard no primeiro grande filme de 90 - "Pelle, o Conquistador", de volta no Cinema I. Não perca! LEGENDA FOTO 3 - Quando os ursos são os astros: um filme ecológico em exibição no Bristol. LEGENDA FOTO 4 - "O Mestre da Música": produção requintada para quem gosta de canto lírico. No Cine Ritz.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Cinema
8
19/01/1990

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