Crise das domésticas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de fevereiro de 1977
Não foi apenas a Terpa-Lipater, atribulada empresa responsável pela limpeza do centro da cidade, que enfrentou sérios problemas de falta de mão-de-obra no mês de dezembro. Pois, com o pagamento do 13o salário e proximidade das festas de fim de ano, quase 30% dos seus operários simplesmente deixaram de trabalhar, apresentando (ou não) as mais diferentes desculpas. Com isso, o lixo acumulou-se nas ruas, obrigando a Prefeitura a mobilizar os antigos lixeiros para suprir a falha. Também em dezembro, outra difícil mão-de-obra - as domésticas - escasseou ainda mais.
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As três agências de emprego de domésticas da cidade, normalmente equilibrando oferta e procura, tiveram em dezembro um "déficit" no oferecimento de empregadas. A agência Aurélia (Rua 24 de Maio, 553), dirigida por uma experiente profissional, Maria de Lourdes Vargas que, normalmente, tem um leque de ofertas no setor, ressentiu-se da falta de pessoal disposto a trabalhar. Mesmo empregadas já colocadas, simplesmente deixaram suas ocupações e aproveitaram o mês de dezembro e mesmo parte de janeiro, para tirar, por sua conta e risco, férias de verão.
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O oferecimento de novos empregos na Cidade Industrial e disputa do mercado de mão-de-obra para serviços domésticos, vem inflacionando a praça, fazendo com que os salários pagos as boas (e cada vez mais raras) domésticas assumam proporções alarmantes. O que obriga cada vez mais as donas-de-casa a agilizarem-se e organizarem-se pois, ao menos neste aspecto, logo imitaremos o "American way of life": ter empregadas para serviços domésticos será privilégio de poucas famílias. E com isso, viva os eletrodomésticos, cada vez mais sofisticados.
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Agora vem o carnaval e já se prevê uma nova debandada no setor. Afinal, o importante é ser fevereiro e ter carnaval para o povo sambar, já cantava Jair Rodrigues.
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