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Aramis

Mansões & mão-de-obra

Frente à carência crescente de mão-de-obra para serviços domésticos, os arquitetos de maior imaginação da cidade estão se preocupando em convencer os seus clientes, em especial os novos ricos preocupados em ostentar prosperidade em busca de status social através de construções de residências acima dos mil metros quadrados, para que substituam a vaidade pela praticabilidade. Pois, com muito dinheiro, está agora cada vez mais difícil a administração doméstica de mansões faraônicas, que exigem um corpo de serviçais que, ao final de cada mês, elevam a folha familiar de pagamento à casa de alguns mil cruzeiros. O abandono progressivo das mansões construídas no século passado e primeiras décadas de fausto e prosperidade do século XX, mesmo por parte de [famílias] aristocráticas, de sólidas finanças, é uma prova de que os amplos espaços, os jardins imensos, são luxos que a vida moderna já não pode mais admitir. Um rápido levantamento de mansões tradicionais da cidade, que, por diversos motivos, foram abandonadas por suas famílias e alugadas a grandes empresas privadas ou órgãos públicos para quem tais imóveis se oferecem como boa opção para escritórios fugindo dos problemas das ruas centrais - mostra que mais de 50 famílias das mais conhecidas do Estado preferiram apartamentos em novos (e luxuosos) prédios do que a manutenção das enormes residências familiares, [construídas] por bisavôs ou avós, quando a cidade tinha características bem diferentes. Com imaginação e bom gosto, alguns arquitetos estão propondo módulos residenciais que independam fundamentalmente do trabalho das domésticas cada vez mais difíceis de se conseguir partindo-se então para uma fórmula prática e racional com setores específicos de utilização da casa e mantendo as chamadas "zonas sociais" (living, biblioteca, sala de jantar) somente para as grandes ocasiões que justifiquem realmente sua utilização. Um exemplo desta nova filosofia de habitação será a nova residência do médico Jaime Guelmann um dos mais conhecidos especialistas da cidade, que preferiu, com inteligência a praticabilidade do que a ostentação de residências faraônicas.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
02/10/1974

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