Mansões abandonadas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 26 de julho de 1977
Não é apenas em São Paulo que belas mansões dos jardins Europa e Morumbi estão abandonadas, à espera de quem se disponha a alugá-las por Cr$ 20 a Cr$50 mil mensais ou a adquiri-las por milhões de cruzeiros - e enquanto não encontram novos ocupantes, passam a servir de abrigos a mendigos e marginais, que as destroem literalmente. Em Curitiba, onde também há crise de imóveis - com maior oferta do que procura - há grandes mansões a espera de inquilinos. Na Rua Visconde do Rio Branco, 1335, por exemplo, uma ampla casa de 3 pisos, está desocupada há vários meses - desde que o Santa Mônica Clube de Campo, que ali tinha a sua sede administrativa procurou um lugar mais barato. Como Santa Mônica, na administração anterior, pagava um aluguel de Cr$ 30 mil mensais, o proprietário, obviamente que um inquilino disposto a assinar contrato idêntico - ou mesmo superior. Como até agora não apareceu, quem o está ocupando são marginais e desocupados que, à noite, ali promovem festas dignas da Roma dos tempos de Tibério Cesar.
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Domingo à tarde, uma equipe da [radiopatrulha] teve que atender uma ocorrência diferente: uma jovem doméstica acabou ficando aprisionada num dos quartos do segundo andar da mansão e, após ali ficar horas, acabou chegando à janela e gritando por socorro. Vizinhos acorreram e a polícia foi chamada para arrombar e libertar a moça. Desculpa que apresentou aos policiais: "Eu sou filha do dono da casa, vim ver como estava o meu antigo quarto e acabei perdendo a chave.
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Equipes da radiopatrulha já têm, esporadicamente, dado "incertas" na mansão, pela madrugada, sempre prendendo marginais em seu interior. Mas seria muito mais prático - e vantajoso - que ao invés de abandonar a mansão, seu proprietário aceitasse uma proposta razoável e alugasse.
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